ALGODÃO.
Sempre que o sol em todo ceu
Brilha no campo o seu clarão
Na roça limpa branca e macia
Vingam capuchos em cada pendão
O calor aquece o alvo plantio
Que brilha no branco do algodão.
No frio inverno sem lua sem cor
Janelas fechadas na escuridão
O corpo se encolhe quieto no leito
A prenda se aninha em lassidão
Se cobre se enrola e se aquece
Em mantas macias de algodão.
Lá vem a tarde de luz
Feita em verso e canção
No giro do gira-sol
Formando na imensidão
Bichos de todas as formas
Em nuvens de algodão.
Depois tão juntos e tão ligados
Almas unidas ao coração
Celebram alegres suas jornadas
Vidas atadas em comunhão
Com felicidades assim comemoram
Suas bodas de algodão.
A infância, que pena passou
Quem dera voltar pra ela fosse
Eu correria de novo inocente
Com a certeza que nada acabou-se
Eu me fartaria na bacia de açúcar
Comendo papuchos de algodão doce.
O tempo passou eu não vi
Fiquei só com a recordação
Dos algodões que eu vivi
Mais eu não faço questão
De trazê-los em minha cabeça
Os cabelos de algodão.