TROVÃO DO NORDESTE
Saí para campear o gado
Era tarde quase escuro
Ouvi um estrondo ao lado
Uma faísca e um barulho
Um clarão avermelhado
Só de medo fiquei mudo
A bola queimando o galho
Consumindo quase tudo.
Com o susto do cavalo
Fui arremessado ao chão
Foi fogo pra todo lado
Consumindo a escuridão
O bicho tava enganchado
Rosnando feito um leão
E na moita emaranhado
Era o filho de um trovão.
Não encontrei meu alazão
Com certeza se mandou
O fogo queimou suas mãos
O meu rosto sapecou
O bicho que ali rosnou
Só quem viu nos dá razão
A bola que ali bradou
Era o filho de um trovão.
Chovia forte lá na serra
Tempestade e confusão
Gente acendendo velas
De joelhos com o cordão
O bode e a cabra berram
Lá no meio do saguão
Estrondando feito guerra
Era o filho de um trovão.