Casa Pequena

Dentro da pequena casa

Lá em cima da colina

Mora a família de Ole

Igualmente pequenina

Que nem casa de boneca

De brinquedo de menina

É uma família feliz

Que vive sempre a brincar

E sorrir por qualquer coisa

Seja em qualquer lugar

Tão unidos, tão contentes

Como quem vive a sonhar

E quando eles vão dormir

Bem perto do rodapé

Ficam todos bem juntinhos

Que nem bichinho de pé

Todos bem agarradinhos

E ninguém dá pontapé

A mãe coloca o colchão

Junto com o filho do meio

E o resto vai se arrumando

Deixando o quarto bem cheio

Se alguém tirasse um retrato...

- É foto de veraneio!

E quem passa ali vê logo

Que a pequena lamparina

Posta em cima da janela

A noite inteira ilumina

A rede do velho pai

Lá na casa, na colina

Parece não faltar nada

Naquele doce lugar

Mas por conta de uma sorte

Outra casa iam buscar

A contragosto da mãe

Que não queria mudar

É que um prêmio bem gordo

O pai tinha recebido

Mas deixar a nossa casa?

Não vai ser bom, meu marido

Estou feliz onde estou

Pois o lugar é querido

Bastava comprar um carro

(Também queria uma arara)

- Deixar meu canto? Jamais!

Dizia a mãe em voz clara

E não queria outra casa

Nem que essa fosse a mais cara

Mas os dias se passaram

E as coisas foram mudando

Para aquela nova vida

Novos costumes chegando

E agora já parecia

Que o mundo estava esticando

E outras necessidades

Surgiam a todo instante

Era o supermercado

Jantares em restaurante

Novas roupas no armário

E um anel de diamante

Para TV uma antena

Um produto genial

Que segundo o vendedor

Era rara (especial)

Só que lamentavelmente...

- Só pega na capital!

E aí o que aconteceu

Já era de se esperar

As compras foram crescendo

Guarda aqui guarda acolá

Guarda em cima, guarda embaixo

- Não tem mais onde guardar!

A casa foi apertando

Aos poucos diminuindo

E quem passava na sala

Por fim ia desistindo

De organizar tudo aquilo

Junto ao resto que ia vindo

Mas pra resolver o dilema

Antes do caos se instalar

A família da colina

Na cidade foi morar

Numa casa bem distante

Daquele lindo lugar

A nova casa era imensa

Algo assim jamais sonhado

Tinha duas salas grandes

Um escritório e um telhado

Um telhado meio em vidro

Feito em barro decorado

Uma varanda gigante

Com piso bem trabalhado

Em tom de um azul florido

Com um rio em risco traçado

E ali morava um elefante

Correndo por todo lado

Tinha ainda uma capela

Decorada toda em laço

Que se via da janela

Rodeada de palhaço

E um caminho de flores

Que cercava todo o espaço

Mas a confusão se deu

Entre cobras e lagartos

Quando se viu que na casa

Tinha exatos quatro quartos

Aí o clima mudou

E todos ficaram fartos

Tinha um quarto de casal

E um para o irmão mais velho

Tinha um perto da escada

Para o do meio, o Titelo

E tinha um para Ole

Que não gostou do castelo

E até o final do dia

Todos sentados na escada

Procuravam soluções

Para aquela “enrascada”

Sem ter mais o que fazer

Com a alegria brecada

Se for para separar

O que sempre esteve unido

Não era assim tão legal

Aquele canto escolhido

E então, talvez fosse bom

Voltar pro mundo esquecido

E foi assim já bem tarde

Que o pai sorrindo gritou

- Que loucura! Que loucura!

E só depois explicou

Tirem essa cara triste

Que a agonia acabou

Ninguém precisa saber

Mas achei a solução

Vamos crianças, levantem

Dizia com empolgação

Corram logo, corram todos

Cada um pegue um colchão

E na hora de dormir

Bem perto do rodapé

Ficaram todos juntinhos

Que nem bichinho de pé

Todos bem agarradinhos

E ninguém deu pontapé

A mãe botou seu colchão

Perto do colchão menor

Do lado de outro colchão

Pra noite ficar melhor

E em pouco tempo, ali mesmo

O riso se fez maior

Couberam ali num cantinho

(Algo bem acolhedor)

E até que se acostumassem

Sem choro, medos ou dor

Dormiram todos felizes

No final do corredor

FIM