FINADOS
Finado merece um dia?
Todo dia é de finado?
Aquele corpo gelado
Tão sozinho adormecido
E por muitos esquecido
Habita naquela cova
Mesmice, nada renova
Solidão d'um ser eterno
Vestido de preto terno
Num processo de desova
Consumido pelo tempo
Hoje é forma decadente
Um passado sem presente
Sem promessa de futuro
Vive preso ali no muro
Trancado no paredão
Dia 2, um bom cristão
Em Novembro lhe visita
Chorando ou fazendo fita
Na dor e na encenação
Velas pingam como lágrimas
Nesse mar de amargura
As flores na sepultura
Conforta toda essa gente
Saúdo com meu repente
As famílias enlutadas
Sintam-se, pois, confortadas
Pêsames de coração!
Do poeta, do irmão
Nas rimas improvisadas