Cordel da Paz

Cordel da Paz

Tere Penhabe

Desde que o mundo é mundo

os homens falam de paz

quem clama com tal fervor

parece até ser capaz

porém a triste verdade

a cruel realidade:

guerra, o homem gosta mais.

Há tres mil anos atrás

de guerra o mundo fervia

por Saul ou por Davi

as vitórias sucediam-se

cananeus ou filisteus

Golias, que era um dos seus

todos a guerra perdiam.

Como se fosse possível

a guerra ter vencedores

tantos séculos depois

permanecem os horrores

quem as ler amareladas

páginas historiadas

rendam a Salomão, louvores.

Durou pouco seu reinado

como se o mundo tivesse

muita culpa pra ser paga

e a paz não merecesse

provada, não foi aceita

mal esse sábio se deita

a paz já logo arrefece.

O mundo foi progredindo

mas não a mente do homem

em guerra e a difundir

a apologia da fome

que veio tomando conta

cada vez maior sua monta

desde o maná ela não some.

Jesus veio e não deu conta

ao que parece, hoje em dia

seu amor à humanidade

tornou-se pobre elegia

e "dá-lhe guerra", senhores

naquele circo de horrores

na Roma da anarquia.

Em frente alguns séculos

vamos passar sem olhar

sempre a guerra pautando

a vida em qualquer lugar

de amor quase ninguém fala

a paz, o mundo não embala

o que querem é guerrear.

Napoleão Bonaparte

descanse em paz, se puder

mas não terás os meus louros

conquistas foi só o que fez

espalhando sua família

nos reinos que auferia

com a vida de inocentes.

Não vejo glória no fado

assumo que sou simplória

mas para quem busca a paz

não tem valor sua história

se em vez de estrategista

tivesse sido anarquista

com muito amor na memória...

talvez o mundo o esquecesse

tantos livros não houvessem

as suas conquistas narradas

não mereceriam prece

pois minha alma grita e berra

o que o homem gosta é guerra

é o que ele acha que merece!

Vamos chegar ao momento

mais triste da nossa história

de um anticristo que veio

e teve aqui sua vitória

que era tanta indecência

e lhe prestaram reverência

pela sua oratória.

Eu falarei até morrer

que me calem se quiserem

não só Hitler foi culpado

mas todos que lá estiveram

baixando suas cabeças

fingindo indiferença

diante dos que morreram.

Desta vez foram milhões

e pior, não eram soldados

era gente como a gente

que ama e que é amado

que deixando atrás os filhos

enfileirados nos trilhos

foram morrer como gado.

Um crápula presente

do demônio, secretário

voz ativa que se ouvia

co-autor de tal fadário

errôneamente é citado

pelo que houvera falado

em triste lugar e horário.

O tema do tal infame:

a mentira propagada

por mais mentira que seja

se muitas vezes falada

convence quem precisar

pois a terra é só um mar

de mentiras fantasiada.

Que pra matar precisavam

de uma desculpa qualquer

sem nenhum valor à vida

de tanto homem e mulher

a mentira lhes servia

de desculpa e covardia

pra matar, não pra morrer.

E o mundo clamando por paz!...

em todo canto e lugar

é a paz que todos querem

pois precisam descansar

como quem grita irritado

morra, mas morra calado

pois eu preciso de paz!

Como sempre e todo sempre

a paz não é conquistada

é insano o seu pleito

ela é imposta, obrigada

calando a voz de inocentes

que na mão de dementes

pagam a paz inventada.

Sem querer... porém eu sigo

mas não paramos de ver

sangue sendo derramado

gente a penar e morrer

de nação tão poderosa

corre sempre a velha prosa

que armas tem que vender.

Mas não vamos esquecer

de cultura valiosa

dizimada sem critério

apaches de pele rósea

guerreiros fortes, valentes

enfrentaram combatentes

fim de vidas preciosas.

E as guerras vão em frente

não daria para contar

quantas voltas no mundo

Deus!...eu iria precisar?

para mostrar todo o sangue

que correu e deixou exangues

corpos na terra e no mar.

Com a paz quase morrendo

já sem forças para a guerra

o homem cria e inventa

o terror aqui na terra

e pelas virgens douradas

matam mais toneladas

novo motivo pra guerra.

Cada vez mais, mais e mais

A violência impera!

Clamando pela tal paz

propondo a insana guerra

a humanidade caminha

até pra morrer sozinha

é nisso que a paz se encerra.

O caminho? Não há outro

o homem tem que aprender

a grande força do amor

que habita no seu ser

sua dádiva sublime

que ele encara como crime

tem vergonha de o viver.

Amar, amar, cada vez mais!

Semear essa estranha fé

pelo mundo sem cansar

porque a paz nada mais é:

acreditar no tal do amor

não servir a outro Senhor

sendo homem ou mulher.

Santos, 27.02.2007

www.amoremversoeprosa.com