Um Rei chamado Luiz

I

Eu quero falar de um Rei

Que tocou meu coração

Que marcou a minha infância

Nas vivências do sertão.

Suas histórias são belas

Suas canções, todas elas

Eu guardo aqui na memória.

Creio que você também

Como eu, se lembra bem

Desse Rei e sua história.

II

Esse rei que vou falar

Não é um Rei Europeu

Desses da Idade Média

Que em palácio viveu.

É um "Rei Cabra da Peste"

Nascido aqui no Nordeste,

Usou chapéu e gibão

Pois a sanfona no peito

Conquistou fama e respeito

É Luiz, Rei do Baião.

III

O famoso Gonzagão

Que percorreu o país

Tocando Xote e Baião

Fazendo o povo feliz.

O filho de Januário

Celebra seu Centenário

Lá no céu com o seu pai

E seu filho, Gonzaguinha

Tocando uma "sanfoninha"

Para receber quem vai.

IV

Pois eu tenho a impressão

Que a alma d'um nordestino

Quando chega lá no céu

É recebida com um hino

Chamado de "ASA BRANCA"

Que muitas palmas arranca

Também no "Andar de Cima"

E nessa recepção

É Luiz, Rei do Baião

O sanfoneiro que anima.

V

O Brasil tem muitos reis

Rei Roberto, Rei Pelé

Com todo respeito a eles

Mas para mim ninguém é

Ou será como Luiz

Que tocou, fez o que quis

No teclado da sanfona

Cantou em cada biboca

E sua música aonde toca

Até hoje emociona.

VI

Me disse Klívisson Viana

Que se o sertão acabasse

E um único LP

Do velho "Lua" restasse

Seria o suficiente

Para escrever novamente

A história do sertão

E eu acho que seria

Pois neste, se encontraria

Conservada a tradição.

VII

No ÚLTIMO PAU DE ARARA

Cantou a TRISTE PARTIDA

Amarga QUE NEM JILÓ

Com a SANFONA SENTIDA.

No ABC DO SERTÃO,

O JUMENTO É NOSSO IRMÃO

Padre Vieira falou,

Luiz assinou em baixo.

PARAÍBA é “Mulher Macho”

E o BAIÃO se revelou...

VIII

No FORRÓ DE MANÉ VITO

O “Candeeiro se apagou”

Dançaram “FORRÓ NO ESCURO”!

E “o Forró continuou”

Com SAMARICA PARTEIRA

CAROLINA, a noite inteira

Dançou a DANÇA DA MODA.

Gritaram: “APROVEIRA, GENTE!

Porque “o Pagode é Quente”!

E todos entraram na roda.

IX

No RIACHO DO NAVIO

ZÉ MATUTO FOI A PRAIA

E ficou doido com as “muié”

Só de tanga e minissaia.

Quase ele se transtorna

E pediu OVO DE CODORNA

Pra comer, no meio do povo.

E sem pensar no evangelho,

Disse: “Pra Cavalo Velho

O Remédio é CAPIM NOVO”.

X

Em suma, Luiz Gonzaga

O nosso Rei do Baião

Ficou imortalizado

Na história do Sertão.

Cantou até para o Papa

E uma célebre frase escapa

Da boca do BENFITOR,

Que falou em Português

Num gesto manso e cortês:

“Obrigado Cantador”!

Tião Simpatia
Enviado por Tião Simpatia em 30/10/2012
Reeditado em 20/11/2012
Código do texto: T3960300
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