Derrota de um Candidato
Leodécio é um sujeito
Conhecido e popular,
Casado e pai de família
Que não gostava de trabalhar,
Vivia fazendo bicos
E adorava mesa bar.
Às vezes falava demais
Dizia que era oposição,
Só tinha o curso primário
Mas julgava-se um tabelião,
E resolveu se candidatar-se
Nessa última eleição.
Porém nas mesas de bares
Ele sempre se empolgava,
Falava mal do Prefeito
E de tudo que planeja,
Mesmo sem entender nada
Os amigos lhe apoiavam.
Porém não tinha dinheiro
Pra gastar na eleição,
E muitos de seus painéis
Foram pintados a carvão,
Mas dizia: sou do povo
Vou ganhar essa eleição.
Nunca subiu no palanque
Pois julgava não precisar,
Dizia: tenho milhões de amigos
Eles não vão farrapar,
Gastava o que não tinha
Tudo na mesa de bar.
Vendeu a geladeira
E um carrinho de mão,
A bicicleta do filho
E uma televisão,
Só não vendeu a casa
Por que era do irmão.
No dia da eleição
Ele acordou cedinho,
E mesmo às escondidas
Entregou alguns santinhos,
Muita gente recebia
E rasgava no caminho.
Ele estava tão eufórico
Que se esqueceu de votar,
Mas estava otimista
Dizendo eu vou ganhar,
Comprou bebida a fole
Pra depois comemorar.
A votação terminou
E com ela a decepção,
Todos recebiam votos
E para o coitado não,
Que ia roendo as unhas
E rosnando feito um cão.
Não teve nenhum voto
Pois se esqueceu de votar,
Ficou sem a bicicleta
Geladeira e o sofá,
Devendo até a alma
Sem condições de pagar.
Nem a mulher votou nele
Foi triste a decepção!
Quando passa pela praça
É a maior gozação,
Já desejou ser minhoca
Pra entrar debaixo do chão.
Hoje vive cabisbaixo
E não para de lamentar,
Seu refugio é a bebida
Vagueiam de bar em bar,
E quem falar de política
Tá chamando pra brigar.
Dorgival poeta