HOSPITAL DAS CLINICAS-(CORDEL).
Hospital das Clinicas.
Guel Brasil.
Seu moço eu fui num lugar
Aqui onde estou morando,
Um tal de Hospital das Clinicas
Onde estou me tratando,
Eu só vi gente doente
Outros a morte levando.
Mais parece um formigueiro
Com gente pra todo lado,
Com doença que tem cura
Outros já desenganado,
Crianças, moços e velhos
Que vem aqui ser tratado.
Tem gente da capital
Tem gente do interior,
Gente de longe de perto
Com o corpo cheio de dor,
Mas o sentido é o mesmo
Vem procurar o doutor.
Uns chegam faltando as pernas
Numa cadeira de roda,
Outros sem braço seu moço
E o doutor nem se incomoda,
Elevadores lotados
Aqui mais parece moda.
Aqui o movimento é cedo
Antes de o galo cantar,
Uns de longe outros de perto
Logo começam chegar,
Em cada canto uma fila
Que eu nem pude contar.
Aqui vem preto vem branco,
Aqui vem rico vem pobre,
Pra não dizer o que tem
O rico esconde seu cobre,
Aqui onde a morte mora
E onde o sentimento é nobre.
Mulher de pernas bonita
Mulheres de perna inchada,
Vi gente andando miúdo
Feito galinha peada,
E pelo visto seu moço
Sei que não vi quase nada.
Tem tratamento pra tudo
Pra câncer, pra coração,
Tem tratamento pra AIDS
Pra cabeça pros pulmão,
Mas quando o caso é de morte
Nem doutor dá jeito não.
Aqui o remédio é de graça
Parece até brincadeira,
Remédio que cura tudo
De coqueluche a gagueira,
Aqui tem até remédio
Que dá jeito na cegueira.
Dizem que tem até padre
Ministrando a extrema unção,
Pastor prometendo cura
Pra salvar qualquer cristão,
Tem até papa defunto
Pra lhe vender um caixão.
Se tem parente seu moço
O defunto é liberado,
Se for defunto sem dono
Talvez nem seja enterrado,
Tratado como indigente
Fica pra ser estudado.
Defunto pobre seu moço
Vai para a Vila Formosa,
O caixão é de terceira
Não tem reza, não tem prosa,
Rico é caixão de primeira
E todo coberto com rosa.