Pistoleira
Pistoleira
Jorge Linhaça
Conheci uma pistoleira
a mulher era um terror
usava as armas do amor
para instalar-se faceira
e depois só causar dor
em uma alma prisioneira
Não havia quem resistisse
ao seu charme e sedução
rendia qualquer coração
que em seu olhar consentisse
e arrastava para a prisão
até que o pobre se partisse
Uma "serial killer" do amor
a causar tamanho morticínio
com as armas do seu fascínio
e do seu beijo embriagador
uma carrasca do extermínio
causando sempre o dissabor
tantas vítimas ela assim fez
que o castigo veio a cavalo
sua a beleza escoou pelo ralo
acabou-se enfim a sua altivez
descartada foi do baralho
chegou a sua hora e vez
Lá pelas tantas da vida
caiu em sua armadilha
a pistoleira andarilha
que se julgava tão vivida
entrou pelo cano ou manilha
e ficou de amores perdida
mas o foco de sua paixão
era também um predador
mestre nas coisas do amor
e enredou o seu coração
não teve nem dó nem pudor
de destruir a sua ilusão
Hoje a antiga pistoleira
que a tantos aprisionava
e os corações desprezava
hoje é mera prisioneira
das farsas que maquinava
de forma tão sorrateira.
Na vida tudo tem volta
o que se planta se colhe
o destino cada um escolhe
com o que faz à sua volta
e se não há quem o console
resta somente a revolta.