A divina inspiração... III * Autor: Damião Metamorfose.
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A divina inspiração
Quando habita a nossa mente.
Acelera o nosso estro
E ele rapidamente
Transforma vagas palavras
Em uma história envolvente!
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Sem ela eu faço um repente
E acabo antes da hora.
Escrevo, leio e releio,
Quanto mais tento, piora.
Sem inspiração eu fico
E os bons textos vão embora!
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Se me faltar pão agora,
Eu trabalho e dou um jeito.
Recupero o meu prestigio
E ainda exijo respeito...
Mas se falta a inspiração
Não faço nada bem feito!
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A inspiração infla o peito
E eu começo a criar
Versos dentro de um contexto...
Prontos para digitar.
Sem ela, nem uma frase
Eu tento balbuciar!
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Estando em qualquer lugar,
Eu procuro um bom sorriso.
Mesmo que os outros pensem
Que eu não tenho juízo.
É no sorriso que encontro
A inspiração que preciso!
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Inspiro-me no indeciso
E no amigo o leitor.
É por ele que escrevo
Sem ganhar nenhum valor.
Quem valoriza a cultura
Não é só o escritor!
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Inspiro-me até na dor
Com a violência brutal.
Do homem com o outro homem,
Com a mulher, com o animal...
Nessa hora eu denuncio
Com uma estrofe atemporal!
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Inspiro-me mais legal
Sem barulho ou confusão...
O isolamento amplia
A minha imaginação.
É no silencio que eu
Tenho mais inspiração!
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Inspiro-me na orquestração
De um maestro tocando.
Onde se segue a batuta
Mesmo sem está olhando.
Assim também sigo os versos
E é Deus quem tá no comando!
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Imagino eu recitando,
Meu recital, eu invento.
Escuto vaias, aplausos...
Nos palcos do pensamento.
Sem inspiração, sou surdo,
Ouço o meu próprio lamento!
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Quando eu escuto um jumento
Relinchando no serrado
Eu faço o verso bem feito,
Com rima e metrificado
Fico suando poesia
Cada vez mais inspirado!
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Cheiro de café torrado
Um Tum, Tum, Tum... De pilão.
O balido das ovelhas
No curralzinho do oitão.
São essas coisas simplórias
Que me trazem inspiração!
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Não almejo a multidão,
Nem sucesso nem a fama...
Meu sonho é ver o Cordel
No topo, longe da lama.
Me inspiro nas coisas simples,
Com a visão de quem ama!
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Quando e não aio da cama
E fico fazendo planos.
Contando as nuvens do céu
Ou só os dias e os anos.
A inspiração me visita
Mesmo eu debaixo dos panos!
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No sagrado e no profano,
No ateu e no cristão.
No prato cheio e sortido
Ou só no arroz com feijão...
Basta uma simples palavra
Que eu encontro a inspiração!
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Seja sobre água ou pão,
Amor, sexo ou outro assunto.
Com a inspiração em alta,
Arrepio e chego junto.
Sozinho ou em desafio
Se for pra untar, eu unto!
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A inspiração é o conjunto
Da obra de um Poeta.
Ele se completa a ela,
Ela a Ele se completa.
Depois é usar a métrica,
Rima e oração correta!
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A mente desengaveta
E a inspiração quando vem
Traz avalanches de versos,
Ai não tem pra ninguém.
Eu boto aonde não cabe
E tiro de onde não tem!
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Eu busco até no além
Um motivo pra escrever.
Um verso ou uma estrofe
Ou um Cordel bom de ler.
E a inspiração é tudo,
Sem ela eu não sei fazer...
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Na água eu vou beber
De cacimba ou cacimbão...
Num almoço bem sortido
Ou só arroz com feijão.
No boa noite querida...
Eu encontro inspiração!
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Inspiro-me na perfeição
Do vôo de um urubu.
Na camuflagem perfeita
Do Tejo, teju, teiú...
E no cassaco com os filhos
na bolsa, igual canguru!
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Os versos me deixam nu
Expõem o meu coração.
Acho bom o isolamento,
Está só sem solidão.
E acho que Deus me usa
Quando eu uso a inspiração!
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Eu me inspiro na paixão
E escrevo só por prazer.
Os meus melhores Cordéis
Nasceram sem eu saber.
É Deus quem guia os meus dedos
Quando eu começo a escrever!
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A inspiração a meu ver
Não segue nenhum critério,
Seja em textos imaginários,
De suspense, humor ou sério...
Nasce e jorram em minha mente,
Mas de onde vêm é mistério!
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A mente dá revertério
Quando estou inspirado.
Se acaso estou dirigindo
Ou longe de um teclado.
Confesso que me estresso,
Por não passar meu recado!
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Meu fardo não é pesado
Não tenho rugas na fronte.
Transformo uma simples pulga
Num gigante mastodonte.
Com inspiração eu faço
O mar suspenso e uma ponte!
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Os versos jorram de monte
Sai rima pra todo lado.
Devagar vou costurando
Ou deixando alinhavado.
É fácil, parece fácil?
Faça sem tá inspirado!
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Eu vejo o céu estrelado
E contemplo a imensidão.
Pisca uma estrela distante
E ascende em meu coração.
Uma chama muito intensa
Chamada de inspiração!
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Me desmancho em emoção
Quando a inspiração aflora.
Sei que triste eu ficaria
Se ela um dia fosse embora.
Mas se ela for deixo os rastros
Nos versos que faço agora!
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A inspiração elabora
A tela mal acabada.
Complicado fica simples,
Tragédia bem humorada.
A inspiração é tudo
Bem rimada ou não rimada!
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Com a mente descansada
Quando em meu leito deitado...
Em sonho eu crio textos
Que a mente deixa arquivado
E um dia qualquer “vomito”
Quando estiver inspirado!
*
Fim.