" O VÉIO ANANIAS"
Autor: Floriano Silva
Teobaldo homem feito
Uma vida ilibada
Postulante a marido
Daquela tão cobiçada
Moça virgem e esplendorosa
Com seu cheiro de fulo
Carmesina provocante
“Aqui jaz quem cortejou”
Um tremendo despautério
É se mete com Ananias
Que decide a revelia
Quarque que seja o assunto
Pra cidade du pé junto
Já mando mais de dezena
Encomendou até novena
Pro finado descansar
E não vir lhe importuna
Durante a madrugada
Anjo que caiu do céu
Feito oveia desgarrada
Eita nós, cabra arretado
Nas terras que não tem lei
Ele manda e desmanda
Com um só olho o homem é rei
Teobaldo vestiu preto
Carmesina um branco véu
Amarrados num cordel
Pareciam vir do céu
E Ananias tão valente
Em meio à cena inesperada
Rolou por escada abaixo
O coração teve parada
Disse isso um dotozinho
Que chamou o reverendo
Para dar a extrema unção
Ao veio que morreu vendo
Um casal do ar descendo
Pensou ser alma penada
De argum desavisado
Que morreu por da uma oiada
Nas pernas da tal guria
Que hoje se fez muié
Acreditem ocês tudo
É fia do coroné.
Hoje ao lado de Teobaldo
Ela vive um dá não dá
Vez enquanto oia pro alto
Com medo do veio volta.
Aqui neste recanto a cada dia eu aprendo um pouco com poetas das artes, hoje resolvi dar meus primeiros passos a um novo desafio, com todo respeito aos mestres cordelistas.
Corrijam-me se estiver errado.