CASA DE TAIPA.
Vão os dias vem o barro
Vai o sol e vem a lua.
Corre os dedos na argila
Bem moldados na mão nua
È de taipa a casinha
Construida em terra crua.
Os varais bem amarrados
São fincados sobre o chão
Esculpidos com o barro
Dando forma e função
Obra feita mais um quadro
Na paisagem do sertão.
Bem coberta bem querida
Dà abrigo e aconchego
É tão simples é tão terna
É tão puro o seu emprego
Tem o zelo da humildade
Tem afeto tem apego.
Bem em frente na chegada
Vasto terreiro ciscado de galinha
Um vira lata magro rabo fino
Se espreguiçando na terra quentinha
Pé de mastruz e erva cidreira
Beiram os lados da casa todinha.
Pela entrada da porta da sala
Pequeno vão é de chão batido
Uns tamboretes e uma mesa caduca
De um mobilhado pouco colorido
Fumaçando no portal rachado
Um candieiro velho encardido.
No lado da sala amontoa-se
Cabrestos, celas e gibão
Uma espingarda de caça
Alparcatas surradas no chão
E um fiador de pavios
Com seus fios de algodão.
Em uma banquinha coberta de chita
Repousa uma quartinha de água bem fria
São utensílios que ficam no quarto
Dando ao dono sua serventia
Nos armadores as redes armadas
Para o descanço da lida do dia.
Se ver adiante conchas e arupemas
Dependuradas de frente ao fogão
Em círculo canecos emborcados
Sobre uma tampa feita em latão.
E feito de um tronco escavado
Num canto um tosco pilão.
Na janelinha da pequena sala
Quatro jarrinhos enfeitam o hambiente
Bem coloridos com as flôres do mato
Chama a atençao de quem passa na frente
Está é a visão da casa de taipa
Feita de barro e tão inocente.