LAMPIÃO O REI DO CANGAÇO (VIDA).
Lampião O Rei Do Cangaço. (vida)
Cordel. GUEL BRASIL.
Eu cresci ouvindo histórias do cangaço
Contadas por vovô e por meu pai,
Foi nessa escola que aprendi fazer cordel
Desde menino num tempo que longe vai,
Grudou feito ferrugem no meu peito
E por mais que eu queira nunca sai.
Vou contar pra vocês em verso e prosa,
Caprichando na rima sem refrão,
Uma história bastante conhecida
Que manchou de sangue nosso chão,
É a história cruel e verdadeira
De Virgulino Ferreira o Lampião.
Natural do sertão pernambucano
Seu pai um pequeno lavrador,
Era como artesão que ele vivia
Muito pobre mas era trabalhador,
E o pouco da leitura que sabia
No que pode para os filhos ensinou.
José Ferreira bastante conhecido
Ali no sertão onde morava,
Sua esposa dona Maria Selena
Sempre ao lado do esposo que amava,
Foi assim que Virgulino foi criado
Sem saber o que o destino lhe guardava.
Foi o terceiro filho do casal
De família bastante numerosa,
Antonio, João, Levino e Ezequiel
Angélica, Maria, Amália e Virtuosa,
Cresceram ouvindo estórias do cangaço
Contudo era uma família amorosa.
Bem no mês de Julho ele nasceu
No Distrito de Serra Talhada,
Na fazenda Ingazeira em Vila Bela
Foi ali que começou sua jornada,
Registrado no dia sete de julho,
Dessa história eu não posso esquecer nada.
Foi em mil oitocentos e noventa e sete
O ano que Virgulino nasceu,
Com a idade de dezenove anos
Começou a traçar o destino seu,
Levou junto com ele seus irmãos
Para o mundo do crime se converteu.
Virgulino com seus outros irmãos
Cresceu no meio da jagunçada,
O cangaceiro Antonio Silvino
Foi exemplo pro começo da jornada,
Sua família não teve mais sossego
Foi viver de deu em deu sem ter morada.
O desafeto foi José Saturnino
Fazendeiro da família dos Nogueira,
Suas terras eram marcos de divisa
Com as terras da família dos Ferreira,
Por um palmo de terra guerreavam
De peito aberto e sem precisar de trincheira.
Começou com essa briga entre famílias
Assaltando e também matando gado,
Perdeu sua mãe ainda cedo
Virgulino foi ficando revoltado,
Formou seu bando de cangaceiros
Ao ver seu pai ser friamente assassinado.
Foi a volante do sargento Zé Lucena
Que estava se embrenhando no sertão,
Com seus jagunços armados até os dentes
Pra matar qualquer que fosse o cidadão,
Foi o próprio José Lucena quem matou
José Ferreira o pai de Lampião.
Foi assim que Virgulino ainda moço
Com seus dezenove anos mal vividos,
Foi criando afeição pelo cangaço
Não ficou só e por muitos foi seguido,
O cangaço foi nascendo pouco a pouco
E na bala tudo era resolvido.
O seu bando nasceu meio acanhado
Com Antonio, Levino e Ezequiel,
Suas irmãs e seu irmão João Ferreira
Nessa historia interpretou outro papel,
E o menino Volta Seca de onze anos
Foi pro bando só pra ter morte cruel.
Oliveira que também era um menino
Sua idade pouco mais que dezesseis,
Mergulhão, Corisco e Quinta Feira
Zé Pequeno, Azulão, e Zé de Inez,
Moita Braba, Luiz Pedro e Azulão
Serra Branca, Ferrugem e Português.
Ananias, Marinheiro e Alagoano
Andorinha, Amoredo e Fogueira,
Beija-Flor, Ângelo Roque e Beleza
Bom-de-Veras, Cigano e Porqueira,
Cravo Roxo, Cavanhaque, Chumbinho,
E Sete Léguas da Fazenda Cajazeira.
Cícero Costa, Cajueiro e Cambraia
Jararaca, Delicadeza e Damião,
Juriti, Linguarudo e Lagartixa
Zé Baiano, Sabino e Trovão,
Moreno, Ponto Fino e Pintado
E Zé Venâncio compadre de Lampião.
Numa dessas lutas que o bando teve
Era noite no turvo da escuridão,
Virgulino com seu rifle carregado
Atirando sem rumo sem direção,
O cano do seu rifle brilhava tanto
Que mais parecia um lampião.
Foi daí que nasceu o apelido
Do famoso cangaceiro Lampião,
Virgulino foi ficando conhecido
E ganhou fama nas veredas do Sertão,
Com a coroa de “Rei do Cangaço”
Espalhando o terror na região.
No bando de Lampião tinha indivíduos
Que fazia todo tipo de maldade,
Gordos magros loiros e morenos,
O mais novo tinha onze anos de idade,
O mais idoso deles era Pai Velho
Espalhando medo no sertão e na cidade.
Afilhado do famoso Padre Cícero
Adquire a patente de capitão,
Alimentando a sua vaidade
E dando asas à sua imaginação,
Reuniu o bando e tirou fotografia
No terreiro da casa de seu irmão.