ASSIM, É A LEI NO MEU SERTÃO
Tunico fi de Zé Côco
Qui morava in Cabidela
Por mexer cum moça donzela
Quage vira um suicida...
Foi namorar arrochado
Cum a fia de Zé Bedeu
Que furou o bucho seu
E desgraçou cum sua vida
Aquela paxão daninha
Num pudia dá coisa boa
Fosse meno Cum uma coroa
Num devera de ter ingano...
Mai aquele anjim inocente
Fez o pobe do Tunico
Se involver num ribuliço
Qui xafurdou os seus prano
Mai Ele num teve curpa
De todo esse furdunço
Que inté cherô a difunto
E a carne de caipora...
O negoço num mai fedeu
Pruque Zé Côco iscondeu
Tunico num buraco fundo
Pra num virar moribundo
Inté Ele cascar fora
Na budega do Filiço
Adonde era o ponto certo
Pro incronto dos desafeto
Acertar suas pendenga
Adispoi de umas lapadas
De cachaça “chora na rampa”
Valente virava criança
Nos braço de quarqué “Quenga”
Aquele locá selvia
Pra cabôcada se ajuntar
E tudo ali, prosear
Sem insurto e sem ofensa...
Isso, inté a marvada
Da birita traiçuêra
Fazer caboclo sacar pexêra
E provocá disavença
Um sarará invocado
Cuincido por piloto
Já cum chife chei de cana
Começou um aivoroço
Cum cumpade Zé lavô...
Tinha fama de valente
Brigou inté cum tenente
Pras banda de catinngueira
Começou a dizer bestêra
E ali o tempo fechou
Deu de garra de uma pexêra
De umas dose polegada
Ai, foimou ferro e brasa
Um baita de um ribuliço...
Piloto falando mal
Pro cumpade Zé Lavô
Disse Ele – “Seu afiado,
É um cabôco covarde
Isso foi mermo que um cravo
Para a honra de Tunico!
Três coisa no meu sertão
Não se tolera uvi
Poi isso é Cuma istupim
É certeza uma desgraça:
xingar uma muié de quenga
Ou um home de covarde
E chamar moça donzela
Biscatêra ou rapariga
Só se entra nessa intriga
Cum quengo chei de cachaça
Pra incurtar a istora
Qui num teve um bom finá
Foi ligêro o Juvená
Qui tomou pra si as ofença
Destinada pro Tunico...
Deu de garra de uma taba
Ligêro Cuma um quati
Só se viu Piloto cair
Já prontinho prum jazigo
Ai toda a pingunçada
Se aprochegô pro difunto
Em meno de um minuto
Aquilo tava freveno...
Cada quá quereno vê
Aquele pobe pinguço
Qui pro causa dum insurto
Tava ali no chão morreno
É assim qui se arresoive
Pendenga no meu sertão
Num tem nium valentão
Qui amedote um quarquer
Tunico mermo distante
Tinha muito em seu favor...
O Juvená se mandou
E quando a puliça chego
Anotou o que se assuscedeu,
Numa foia de papé
Inda tomou o café
Do difunto qui morreu
Poeta J. Pinheiro
Do seu Livro “Meus versos, minha vida”