CABOCLO ALTODIDATA

(A história de Zé de Antero)

Zé de Antero qui morava

Lá no sítio carrapicho

Narfabeto de mãe e pai

Herdou de algum ancestral

Um dom na medida ixata...

O Zé tinha inteligença

Que mermo sem ter sabença

Mostrou qui a Providença

Fez dele um autodidata

Zé foi minino arteiro

Inventava mil munganga

Subia in pé de manga

Mai ligêro qui macaco...

O Zé cantava tão alto

Qui parecia um capelão

Roncava feito barrão

Na ponta de uma chibata

Zé de Antero morava

Na ribancêra da serra

Andava mais de uma légua

Em noite escura...um breu...

Pra estudar com Socorro

Mai oito colega seu

Numa sumana de leitura

Aquerdite, não é mintira

O que tinha na cartia

Zé de Antero aprendeu

Cuma todo seus colega

Passava o dia no eito

Dibaxo de sol iscaudante

Puxando enxada, coivarano

Das sete as dezessete do dia...

Mai parecia uma cigarra

Cantava Zé ,mil tuada

Infrentava a luta pesada

Contente e feliz da vida

Esse era o Zé de Antero

Sempre alegre e festêro

Num passava em terreiro

Que os donos num ilugiasse

Zé num era rapaz bonito

Mai pro mode sua alegria

Toda mãe dali queria

Qui Zé casasse cum a fia

Mai Zé num se apegava

Cum uma cabroxa só

Em doze légua in redó

O Zé era desejado

Por tudo o qui é muié...

O certo é qui nunca ele fez

O tá “ farço juramento”

Acho qui o casamento

Num ficou praquele Zé.

Sei tumém qui a distança

Daqui ponde Zé mora

Num favoresse a glora

De mostrar Zé pra ocês...

Lá se vão quarenta ano

Nem sei se ainda ta vivo

Só sei qui no céu aquele amigo

Eu hei de ver ôta vêis

Poeta J. Pinheiro

Do seu Livro “Meus versos, minha vida”

Poeta J Pinheiro
Enviado por Poeta J Pinheiro em 22/09/2012
Código do texto: T3894467
Classificação de conteúdo: seguro