AS PRAGAS DE UM POVO

O povo tem um ditado,

Que este mundo é cheio de arte.

E se encontra em toda parte,

Pedaço de mau caminho.

Um prefeito nosso vizinho,

Pro povo fazer o mal,

Operou uma roubalheira,

Nos cofres municipais

E ninguém mais suportando

Essa grande anarquia

Pois de nada entendia

Sem poder denunciar

E com esse grande azar,

Já vive de saco cheio,

Até que inventou um meio,

Desses roubos se livrar

Deu a cada eleitor,

Com humildade o perdão

E lançou uma maldição,

A esse grande desfeito,

Para todo e qualquer prefeito

E a quem roubar outra vez,

E com muita altivez,

A caneta o povo pegou,

Umas estrofes rimou,

Nas linhas de uns papéis,

Rogando pragas cruéis,

Na prefeitura afixou:

Deus permita que o safado,

Do prefeito petulante,

Que roubar de agora em diante,

Esse povo amargurado,

Que seja um dia atacado

Com um cancro nos testículos,

Toda espécie de feitiço,

Em cima do mesmo caia

E em cada dedo lhe saia,

Um olho de panarício...

O santo Deus de Moisés,

Lhe mande bexiga roxa,

Saia cabrunco na cocha

E cravo nas solas dos pés

Entre os incômodos cruéis

Da doença hidrofobia,

Interícia e anemia,

Diabete e diarréia

E a lepra da morféia,

Seja a sua companhia...

Deus lhe dê um reumatismo,

Com uma sinusite crônica,

A sezão o impaludismo

E ataque de bubônica.

Além de quatro picadas,

De quatro cobras danadas,

Cada qual a mais cruel

E de veneno letal:

A urutu, a coral,

Jararaca e cascavel.

O povo já perdeu bastante,

Pra os que quiseram lhe roubar

E para ninguém censurar,

Que está sendo extravagante,

Mas de agora em diante,

Ninguém será perdoado

Deus queira que um cão danado,

Um dia morda em leque,

A quem roubar o “FUNDEF”,

Do nosso colegiado

Quem não ouvir esse rogo,

Que o povo faz no momento,

Tomara que tenha aumento,

Como correia no fogo,

Dinheiro em mesa de jogo

E cana no tabuleiro

E no dia derradeiro,

À vela na sua mão,

Num visual todo novo,

Seja um canudo ilustrado

Denunciando os maus tratos

Sofridos por nosso povo!

Nota: O povo espera sinceramente, que nenhum governante, venha a

Merecer todos esses rogos, mas, entende,que é isso o que merece, quem tira do povo o que ao povo pertence.

Versos adaptados da obra de Patativa do Assaré "O Povo rogando pragas"

Poeta J. Pinheiro

Do seu Livro "Meus versos, minha vida"

Poeta J Pinheiro e Patativa do Assaré
Enviado por Poeta J Pinheiro em 19/09/2012
Código do texto: T3890036
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