Oração de flor
Em tempos de seca canina
Nos campos perdidos em flor
O tempo castiga as plantas
Nos dias de Nosso senhor
O rio sente a fúria
Sem dó nem compaixão
Vai manso por entre as pedras
Lamentando e pedindo perdão
O sol se ergue todinho
No céu gritando faceiro
“Sou eu o deus e senhor”
“Sob o vosso solo mineiro”
Os bichos calados escutam
O forte rugido solar
Se encolhem na sombra escura
Em silêncio se põe a rezar
E a seca castiga os pastos
A grama, a flor e o capão
Não sobra terra de fora
Da raiva feroz do sertão
Os Homens de longe imploram
Dia após dia a rezar
Com fé, louvor, humildade
Pros santos ao longe salvar
De nada adianta os pedidos
A seca de forte e constante
Castiga os prados sem fim
Secando o rio falante
O quadro de forte terror
Esconde beleza singela
Nos pastos secos sem fim
A chuva cai amarela
Aqui e ali pontuando
Resistindo ao forte calor
Nas matas se vê quem repara
O velho Ipê em frondor
Resiste Ipê florido
Pontua de cor e botão
Clareia no rosto do Homem
Fé, amor e paixão
Resiste Ipê florido
Colori em cor e canção
Na alma do Homem da roça
Esperanças de renovação