Oração de flor

Em tempos de seca canina

Nos campos perdidos em flor

O tempo castiga as plantas

Nos dias de Nosso senhor

O rio sente a fúria

Sem dó nem compaixão

Vai manso por entre as pedras

Lamentando e pedindo perdão

O sol se ergue todinho

No céu gritando faceiro

“Sou eu o deus e senhor”

“Sob o vosso solo mineiro”

Os bichos calados escutam

O forte rugido solar

Se encolhem na sombra escura

Em silêncio se põe a rezar

E a seca castiga os pastos

A grama, a flor e o capão

Não sobra terra de fora

Da raiva feroz do sertão

Os Homens de longe imploram

Dia após dia a rezar

Com fé, louvor, humildade

Pros santos ao longe salvar

De nada adianta os pedidos

A seca de forte e constante

Castiga os prados sem fim

Secando o rio falante

O quadro de forte terror

Esconde beleza singela

Nos pastos secos sem fim

A chuva cai amarela

Aqui e ali pontuando

Resistindo ao forte calor

Nas matas se vê quem repara

O velho Ipê em frondor

Resiste Ipê florido

Pontua de cor e botão

Clareia no rosto do Homem

Fé, amor e paixão

Resiste Ipê florido

Colori em cor e canção

Na alma do Homem da roça

Esperanças de renovação

Lelo Bitar
Enviado por Lelo Bitar em 19/09/2012
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