O BARRO ESCORRIDO DAS CARRANCAS
Nas minhas andanças pelo meu Nordeste,
Pela Caatinga, pela Ribeirinha,
Terra de corredor de argolinha,
Testemunhei história inconteste,
De Norte a Sul e de Leste a Oeste,
De uma artesã que com muita alegria,
Argila, amassava noite e dia,
Na beira do rio, cavava as barrancas,
Com o barro escorrido das carrancas,
Vou fazer a morada da poesia.
O oficio da mãe terminou herdando,
Pote, panela, santo de lapinha,
Ela vendia tudo na feirinha,
Mas um dia, vendo os barcos passando,
As figuras de proa ficou olhando,
Imponentes com sua maestria,
Cavalo, leão, pura fantasia,
Decidiu copiar as caras brancas,
Com o barro escorrido das carrancas,
Vou fazer a morada da poesia.
Assim encarou a nova profissão,
Modelava as barcas com cobertura,
Tal viu na revista, uma gravura,
Levou pra feira, estranha reação
Carranca de barro, virou mangação,
Não se abalou, com tamanha anarquia,
Logo, logo, arranjou freguesia
Sem carroça levava era nas ancas
Com o barro escorrido das carrancas,
Vou fazer a morada da poesia.
E foi assim, Ana ficou famosa,
Na Europa, suas peças hoje estão,
Maior titulo, recebeu da nação,
Essa é mesmo, uma estória curiosa,
Como exemplo de vida é preciosa,
E nessa verídica afirmaria,
Tive com Ana no dia-a-dia,
Com pás, enxadas, latas e chibancas,
Com o barro escorrido das carrancas,
Vou fazer a morada da poesia.