POETA VIAJANTE (Oitavão Rebatido)
O poeta é um viajante
Por seu estro conduzido.
Quero falar doravante
Desse tema introduzido.
Quando a inspiração me chama,
Minha mente se programa,
Então, a pena se inflama
Num oitavão rebatido.
Por vezes o amor proclama
Um texto por mim tecido.
Também pode ser um drama
O tema eleito, escolhido.
Mas, atentem, por favor,
Posso ser simulador,
Ser autor e não ator
Dum oitavão rebatido.
Quando canto o amargor
E o conforto é recebido,
À leitora ou ao leitor,
Sou um bardo agradecido.
Deixo claro, todavia:
Nem sempre na poesia
Tenho eu mesmo moradia,
Diz o oitavão rebatido.
Eu já falei de alegria,
Mesmo estando entristecido.
Versejei melancolia,
Sem o coração ferido.
Faço verso luminoso
Num escuro tenebroso,
O feio enxergo formoso
Em oitavão rebatido.
Nas linhas descrevo gozo,
Imaginário ou sentido.
Diria um cabra famoso:
"És, camarada, um fingido
Tu finges amar, amando."
Eu falaria: "Fernando,
Tu estás me decifrando
Neste oitavão rebatido?!"
Enfim, meus amigos, quando
Sou por versos seduzido,
As rimas têm o comando
Da cachola, não duvido.
No mundo real passeio,
Mas, não raro, devaneio,
Sem limitações nem freio,
Crio oitavão rebatido.
Uso as letras como meio
Pra ser amante atrevido.
Alinhavo o galanteio,
À musa faço pedido.
Nesse caso, comumente,
Repito o que o peito sente,
Seja o soneto a vertente,
Seja oitavão rebatido!
Tenho agora, finalmente,
Meu discurso concluído.
A quem cá se fez presente,
Agradeço por ter lido.
Oxalá o meu recado
Tenha sido bem passado
Neste texto baseado
Em oitavão rebatido.