MORENA VÊ SE TEM DÓ!
Ô morena eu tô pensano
Seramente em te dizer
O que me corrói aqui pro dentro
Pois já to que não agüento,
Sofrendo qui nem bocó...
Meu coipo já num güenta,
A minha boca é amaiga
Inté minha vista faia
Ô morena vê se tem dó!
In cada vez que te vejo
Fico mai aperriado
Me dá logo um trimilique
Qui vai subino,vai subino,
Do mocotó inté o cabelo,
Mai, inquanto num conseguir
Amulegar teus mamão,
Vou me acabano na mão,
Cuma cuié de pedrêro
Por isso, minha morena
Nem que eu vire a gregena
Inda saio desse dilema
Vou sair do mororó...
Pôi num mandei cê sê assim
Toda fogosa e quartuda
Vem me tirá dessa amargura
Morena vê se tem dó!
Quero firmar cum você
Um trato todo decente
Uma coisa deferente
Das qui se vê por aí...
Vou te levar ao casóro
Te dar um vestido de chita
Cum umas fulô bem bonita
É só tu se adecidir
Inté falei pro Cipriano,
Pro Malaquia e pro Soiza
Qui tu já tá nos meu prano
Pra juntar nossas iscova...
Só farta a tua palavra
No teu dizer boto fé
Venha ser minha muié
E trás logo as tuas coisa!
Morena num me arrilie,
Muito mai do qui já tô
Se ta a fim, diga tô!
Dêxe de me judiar...
Se você juntar cum eu,
Vai ser aquela festança
Cum cumida, musga e dança
Da noitinha ao sol raiá
Inquanto tu num dicide
Fico assim chupano o dedo
Pôi sem ter os teu xamêgo
Vai ser de mal a pio...
Por isso, vê se se avexa
Arresoive essa pendenga
Num faça cuma uma quenga
Judiano esse bocó!!!
Poeta J. Pinheiro
Do Seu Livro “Meus versos, minha vida”