POBRE SERTÃO

POBRE SERTÃO

Que vento nefasto!

Me dá arrepio

Ouço o assovio

Da telha que treme

Caatinga que geme

Tamanha a secura

Morre a criatura

Num barco sem leme

.

Um sol escaldante

Devorando a gente

Até meu repente

Sai quente na hora

O romper d ' aurora

É pura tristeza

A mãe natureza

Não vem, que demora!

Vertente de seca

É o meu sertão

Não pinga no chão

Metade do ano

Que seca! Que dano!

Sem ter um lampejo

Só sobras: Sobejos

Fracassados planos

A boca rachada

Do forte calor

Que causa estupor

Em todo vivente

O sol  inclemente

Um fogo medonho

Olhar bem tristonho

De estrela cadente

Um povo sofrido

Nas mãos desse clima

As ordens de cima

É nunca chover

E haja sofrer

Um mar de lamúria

Que seca, que fúria!

Vidas a perder

Maldita estiagem

Que torra o Sertão

Extenso verão

Fase de El Niño

Pássaro sem ninho

Assim eu me sinto

Verdade, não minto!

Sigo meu caminho!

Do alto da serra

Sertão todo vejo

Pobre lugarejo

As folhas em pó

Os ráios do sol

Inferno vermelho

Peço de joelho

Meu Deus tenha dó

Que sina de gado

Sertanejo tem

Nesse vai e vem

De seca e inverno

Parece um inferno

Caldeira fervendo

O fogo comendo

 Suplício eterno....

Poeta de Branco
Enviado por Poeta de Branco em 07/09/2012
Reeditado em 08/09/2012
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