O DIABO TÁ MERMO SORTO

O DIABO TÁ MERMO SORTO

(poesia escrita rigorosamente, como fala

o caboclo do Carrapicho Região do Carirí – CE)

O mundo tá agitado

Num lugá mai qui nos ôto

Tem gente comeno a caine

Pra aiguns, só sobra os ôsso

É cuma diz os mai véio,

O diabo tá mermo sorto

Tem um tá de Jorge Bucho

Qui só veve fazeno inferno

Uns se ajunta e quere paz,

Ele diz, isso num quero

E assim nesse afregelo,

As carabina num para

Nem na hora do aimoço...

Esse bucho nui atola,

O diabo tá mermo sorto

Lá nesse tá de Iraque

A guerra acaba cum home...

Notos país cuma o nosso,

Quem mata a gente é a fome

O caboco mermo sem dor,

Já anda capenga e tropo

É por essas e por ôtas,

Qui o diabo tá mermo sorto

Se as coisa num miorá

Num sei o qui vai ser de nói

E confoime os nossos avós

O fim das era chegô

Adonde um home de valor,

Honesto trabaiador,

Num vale nem um centavo...

De tanta necessidade,

Misera e mal passar,

Se vê forçado a robar,

Pra ranjar meno o bucado

Lá prás banda do istrangero

Morre gente qui nem abêa

No fugaré duma broca

As bombas é cuma pipoca

Sortada dos avião,

No meio de tanto aivoroço

Im baxo o povo debanda

Valei Sióra Santana

O diabo tá mermo sorto

O mai maió dos maiorá

Num sei seu nome bem certo

É o mandão da tá de U.S.A

Deu lá seu grito de guerra,

Fez o certo ficar torto

Esse Bucho é mermo loco

É por essa e por ôta,

Qui o diabo tá mermo sorto

Já no país atacado

Tem mai um loco ainda

Cum a tá de aima química,

Mata curpado e inucente...

De seu nome só muda uma letra

Pra ser o proipe capeta,

O chifudo, o satan...

Pôi o nome desse tirano

Fedorento e disumano,

Me dixero que é Sadan!

Situação cuma essa

Só muda cum muito trato

Se os home qui guverna o mundo

Dexar de ser vagabundo,

Ajeitar a coisa torta,

Dá trabaio pro povão...

Parar de fazer bestera

Deixar de dizer asneira,

Ao povo na televisão

Só assim, a gente tira

Da gaiganta esse caroço...

Inda vem dias mió,

Pelo meno quem for moço

E assim, no meu repente

Eu convido os presidente

Pra ficar do nosso lado...

Vamos laigar as pistola

E com fé em nossa sióra,

Vamo pegá esse diabo

Mai isto é só um potresto

É só a minha revorta

Poi inquanto o bucho sorta

Bombas qui só mata gente,

Indefesa, inocente

Só pra mostrar que é mai home,

Nesse mundo de meu Deus

Gente faminta cuma eu,

Reza qui arguém só gaste

Dinheiro cum o que mate,

Essa nossa crué fome!

Poeta J. Pinheiro

Do seu Livro "Meus versos, minha vida"

Poeta J Pinheiro
Enviado por Poeta J Pinheiro em 06/09/2012
Código do texto: T3868682
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