COISAS DE MINHA INFÂNCIA

COISAS DE MINHA INFÂNCIA

Hoje me veio à lembrança

Os meus tempos de criança

Toda aquela molecagem

Feita com arte e empenho...

Uma inocente sacanagem

Feliz época das moagens

Eu fiz muita peraltagem,

Fui menino de engenho

Nos domingos, aquela farra

Eu e toda meninada

No engenho do vovô,

A inventar brincadeiras...

Dos afazeres esquecidos,

Chupando cana torcendo

Ou atrás dos outros correndo,

No pátio da bagaceira

Quando não era no engenho,

No açude ou no prado

Nos embrenhávamos no mato

Para caçar passarinho,

Cada qual com baladeira

Com pedrinhas no “borná”

À tarde todos a voltar,

Felizes pelo caminho

No sítio onde eu morava

Pertinho da nossa casa

Tinha uma bela “cacimba”

De água pura e cristalina,

Lá muitas horas eu ficava...

Sozinho me divertia

Que predileta engenharia:

Na correnteza eu construía

Com talo, flecha e forquilha,

Engenhosos “motor d'água”

Como morava ao sopé

Da Chapada do Araripe

Com desculpas e traquinice,

Ia lá me divertir...

Caçar buracos de abelha

Subir nos pés de Craiba

E ficar feliz da vida,

Quando encontrava “pequi”

Com a baladeira ao pescoço,

Eu caçava de tudo, um pouco

De gavião a “cibito”

Morria na minha mira,

Rola, nambu, juriti...

A curduniz, o jacu,

Alma de gato, teiú,

Camaleão e preá

E pra encher meu borná,

Matava até colibri

Aliás, o beija flor

Era o pássaro mais visado

Pois conforme um adágio:

”ficava bom de pontaria”

O caçador que comia,

Seu coração ainda quente...

Assim, naquelas cercanias

O pequeno pássaro sem sorte

Morria mesmo, aos “magotes”

Por caçadores inocentes

Assim, foi a minha infância

Repleta de mil lembranças

Que narro em minhas andanças,

Aquelas minhas folias...

Após viver cinco décadas

Concluo numa trégua

Tive uma infância “Pai Dégua”,

“Eu era feliz e não sabia!”

Poeta J. Pinheiro,

Do seu livro "Meus versos, minha vida"

Poeta J Pinheiro
Enviado por Poeta J Pinheiro em 01/09/2012
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