MINHA TERRA TEM SARNEY, NOSSO REI DO TIJUPÁ
MINHA TERRA TEM SARNEY
NOSSO REI DO TIJUPÁ
( Uma sátira política sobre
“Canção do Exílio” de Gonçalves Dias.)
Minha terra tem Sarney,
Nosso rei do tijupá
Os políticos que aqui governam,
Não roubam como os de lá!
Aquele céu, se tem estrelas,
Nem dá para se notar
Nossas várzeas já devastadas,
Aquilo nem arroz dá!
Minha terra tem Sarney
Que se é um furacão não sei
Mas, arrasa tudo por lá
Minha terra tem Sarney
Nosso rei do tijupá
Nossos bosques, já não têm vida
Nossa vida, é só clamores!
O maranhão que já era paupérrimo
Com “eles” é grande o flagelo
Dá bem pra se imaginar...
Nosso futuro, quem avalia
No maranhão capitania
Onde somente o Sarney impera,
Não se fala em nova era
Não dá mais pra suportar!
Minha terra é só miséria
Onde a corrupção impera
Sem ninguém a contestar...
Mas, arredor de sete léguas
Ainda tem filho de uma égua,
Que aplaude o Sarney por lá!
Permita meu Deus, que eu morra
Aqui mesmo neste lugar
Para não ver os clamores
Que só existem por lá...
Pra não ver o meu pobre estado
Tão carente, flagelado
Perdendo pro Piauí
Que só tem bode e pequi
Macambira e trapiá !
Que dó daqueles patrícios
Que não se livram do vício
Meus irmãos parem com isso!
Façam promessa, rezem ofício
A São José de Ribamar...
Quem sabe o santo ajude
Vê se tomam uma atitude
Não sejam mais aquele povo
Que sofre, mas elege de novo
O Sarney pra governar!
Pois, quando o assunto é melhoria
Na saúde, na moradia
Educação e cidadania,
Estradas pra trafegar...
Estamos no rabo da gata
Sem engano, engodo ou farsa,
Somos a borra da bagaça
Estamos em último lugar...
Mas, quando o tema é narcotráfico
Pedofilia e prostituição,
Contando, ninguém acredita
Ilustramos o alto da lista
E segundo as estatísticas
Ninguém nos ganha por lá!
Por tudo isso aqui falado
Eu não posso ficar calado
Nem por decreto ou mandato
Eu volto pra terra querida!
Lá, eu jamais tive uma “vida”
Que eu pudesse me orgulhar...
Tornei-me sim, um retirante
Um peregrino, um imigrante
Analfabeto ignorante
Pois jamais pude estudar...
Eu já tenho 50 anos
De sofrimento e desenganos
Jamais realizei meus sonhos
Só histórias tristes a contar...
E melhor analisando,
Salve aqui os meus enganos,
São esses os mesmos anos,
Dos Sarney a governar!
“áh meu caro poeta!”
Em vez daquelas palmeiras
Com sabiás a gorjear
Aquelas mesmas palmeiras
Que alimentava a pobreza,
E fazia até o povo cantar...
Isso hoje é utopia
Temos agora, é capim pra boi
Até o sabiá, já se foi
Cantar em outro lugar...
Hoje, o grileiro é quem impera
Em serras, vales e florestas
Lá o motor serra não dá trégua
A ganância, impõe a miséria
Enquanto o Sarney reinar...
E tantos séculos depois
A diferença entre nós dois
Não vou deixar pra depois
Sei que devo revelar...
Gonçalves Dias, tu foi um poeta
Escreveu sonho, utopia!
Na esperança que um dia
Viesse a se realizar ...
Eu, como todo maranhense
Já desiludido, descrente
Em vez dessas coisas lindas
Toda essa coisa brejeira
Como sabiá, palmeira!
E tudo o que existiu lá,
Fazem parte de um passado
Foi um maldito legado
Que me faz tão revoltado,
A ponto de já haver confessado:
“Não mais querer regressar!”
O nosso tema é a miséria
A carência e a injustiça,
Robalheira, imcompetência
Que só nos leva a falência
E nada ali parece mudar...
Condenados a sofrer
Vergonha e humilhação
Por ver o nosso maranhão
Ser motivo de piada
Não nos sobrará mais nada,
Enquanto o Sarney reinar!!!
O Maranhão tem sorte mesquinha
Lá, o babaçu já não abunda
E você, Gonçalves Dias!
Se vivo, sei que viveria
Numa tristeza profunda...
Parece um pacto maldito
Veja só como é que é:
No maranhão carambolé
Sarney sempre entra com o pé
E o povo com sua bunda!
Poeta J. Pinheiro,
Do seu livro "Meus versos, minha vida"