VINGANÇA DE CABOCLO
VINGANÇA DE CABOCLO
( Sátira política maranhense )
Ô doutora Roseana
Varmicê pensa que ingana
Toda essa população?
Tu é santa de pau oco
Nem mermo cum grande isforço,
Num ingana mai o caboco
Das banda de cunceição
Varmicê e seu irimão
Aquele tá de Sarney fio
Quando percisou de voto
Usou de farço artifiço...
Num comiço im são joão
Foi aquele dramaião
Inté fez chorar zé filiço
Cum palavriado bonito
Em varmicê num mai aquerdito,
Poi mentir já é vosso ofiço
Promitero bom colejo
Pros nosso fio istudar,
Promitero uma istrada
Pra puder noi caminhar,
Promitero tanta coisa
Qui só com um giz e uma loisa
Nói pode se alembrar
Mai, adispoi da vitora
A siora e seu irimão
Isquecero cunceição
E as primessa qui fez
Dexano nói ota vez
Na merma situação...
E nossa gente carente
Sem terra, xôxo, carente,
Inda carrega duente
Na rede para são joão
E dispói de tanta mintira
Dispói de tanta mardade
Qui a sióra fez cum a gente,
Vem cum a cara lambida
Magoar nossa firida
E le apoiar pá presidente
Nosso povo é ingeno
Porém num é besta não
Já votemo pro seu pai,
Pra varmicê, seu irimão...
Nossa cumversa agora é assim,
De cunceição a manguary
Peça tudo por aqui,
Porém nosso voto, não
Esse povo nesse assunto
Veve mai do que letrado
E doutor branco o creceno,
Na hora do apurado...
Já qui vocês num se importa
Cum essa nossa revorta,
Dos Sarney fazemo troça
E dexamo varmicês de lado
O povo num mai agüenta
As mintira qui são dita
Nas porpagana da sióra
Aquerdite no que digo agora,
Num se apruveita o que ela fala...
A verdade aqui é ôta:
Queremo qui o brasí saba,
Qui o pobre do maranhão
Só num dexa seu torrão,
Pruque num tem nem a mala
E assim Cuma cunceição
São mai de mil povoados
De ponta a ponta do estado
Que por ser abandonado
Se cançaro de varmicês,
Qui só ingana e isplora...
Já se vão quarenta ano
Num sei mai quanto mês,
Qui vivemo in baxo de vara
E essa famia Sarney
Cum mai prestijo, mai vez
Cum mai puder e mai glora
Só varmicês, são os curpado
Desse tão rico estado
Ter tanto fio na misera,
Padeceno por aí a fora...
Sem saúde, sem istrada
E pra nói puder se vingar,
Na cabine inleitorá
Nessa inleição vamo à forra
Já reuni todo mundo
De toda essa redondeza
Falei cum dona marica
Cum Filomena e pureza,
Zé Loló e Cipriano,
Pau Rolô e Brexequete,
Qui dixe num ser muleque
Pra votá in situação...
Falei cum dona Fifia,
Cum toda a sua famia
E seus visinho tumém,
Sebastião, Zé Lavô
E Zéca Camaigo falou:
Seja canidato quem for,
Nessa inleição eu vou
É votá na aposição
O povo tá revortado,
Diz Benedito Fubac
Qui pu onde tem andado,
O povo num isquece não...
Quando Sarney presidente
Em vez de ajudar a gente,
Criou uns prano forjado
Num ajudou nosso estado
Qui acabou de se afundar
Junto com toda nação
É por essas e por otas
Qui a situação ta oxa
E o povo pega o ataio...
Nem serra, nem garotinho,
Roseana ou Itamazão,
São carta fora do baraio
Iguá a jade barbaio
Só quere currupção
Nós vamo dar a resposta
Nosso trato ninguém fura
E nem qui nói coma bosta
Cum caldo de rapadura,
É esse o nosso prano:
Vamo é votá nesses home
No Ciro Gome ou no Lula
Vão discurpano a franqueza
E meu jeito errado de falar
Sou caboco narfabeto
Excruído do processo
Sem direito de istudar...
Já tenho quarenta anos
De sufrimento e disingano
Ixatamente os ano,
Dos Sarney a gunvernar
E este é mais um desabafo
Do nosso povo sofrido
Que vive no mato esquecido
Sem saúde e sem dinheiro...
Assim, toca a sua vida
Abrindo suas feridas
Suportando o seu flagelo
E sua sina de roceiro...
Pra vocês, um abraço forte
Deste poeta da vida
De tantas verdades escritas
Jesus Tavares Pinheiro
Poeta J. Pinheiro
Do seu livro "Meus versos, minha vida"