Absurdo ou sinal dos tempos?

ABSURDO OU SINAL DOS TEMPOS?

Em andanças pelo mundo

Eu vi coisas esquisitas

Vi uma cobra Jibóia

Namorando a lagartixa

Frente ao espelho a coruja

Se achando muito bonita

Em passeio no zoológico

Eu vi coisas escabrosas

Vi um sapo bem tranqüilo

Dormindo junto com a cobra

Também vi macaco prego

Sem fazer uma safadeza

Vi um grande hipopótamo

Sentado em uma mesa

Aguardando a refeição...

E um gambá muito cheiroso

É quem servia a comida

Um belo prato de jia

Com caranguejo e salmão

Pra completar o absurdo

Pro leitor faço o que poço

Mas considero fichinha

Essas cenas do zoológico

Comparadas ao que vi

Num artigo de revista

E documentos que li

São Pedro organizou

Lá no céu uma festança

Tudo do bom e do melhor

Roque paulêra e forró

Música lenta, carimbó

Era uma zorra total...

Mas naquela euforia

Ninguém imaginaria

Que aquilo tudo acabaria

Num tremendo quebra pau

A culpa dessa fuzaca

São Pedro logo assumiu

Pois sem lista pré-datada

Convidou a bicharada

Uma seleta clientela...

Veio cabra com leão

Coelho com a raposa

E com todos rivais juntos

Aquilo cheirou a defunto

Foi aquela esparrela

Cada um ringia os dentes

Pro seu inimigo mortal

A cobra dava rabada

No coitado do pardal

O leão teimava em dançar

Com a assustada zebra

E prá aumentar a suruba

Agitava a sua juba

E mostrava suas presas

O cúmulo do absurdo

Eu afirmo pra você

Aquela cena hilária

Do crédito do meu leitor

Quero sempre merecer...

Eu vi um rinoceronte

Sentado bem elegante

Educado, insinuante

Dando entrevista à T.V

Na festa tinha de tudo

De sofisticado a pacato

Vi um pequeno ratinho

Perseguindo um grande gato

Três sapinhos se esquentando

Em frente a uma fogueira

Vi também uma hiena

Séria, tranqüila e serena

E sem querer brincadeira

Vi um burro filosofando

Para um grupo de golfinhos

Vi um bode no chuveiro

Dando banho num porquinho

E vi cansada uma chita

Após perder uma corrida

Prá uma pequena preguiça

Vou terminar esses versos

Antes de alguém me bater

Por não querer entender

O que o poeta escreveu...

Se ficou enfurecido,

Seja como eu, atrevido

E escreva algo parecido

Com isto que você leu

Poeta J. Pinheiro

Do seu livro "Meus versos, minha vida"

Poeta J Pinheiro
Enviado por Poeta J Pinheiro em 28/08/2012
Código do texto: T3853634
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