Ao Poeta do Mearim (Homenagem a João do Vale)
AO POETA DO MEARIM
( Homenagem a João do Vale )
Pedreiras gerou alguém
Que o seu nome elevou
Cantou as suas paisagens
E em todas suas viagens
Sempre seu nome exaltou
Poeta de mão calejada
De cara inchada de pinga
Pescador do Mearim
Foi sofrida a sua lida...
Autor de mil obras primas
Mas, só viu no fim da vida
O prazer de vê finalmente
Sua obra reconhecida
João do Vale é o seu nome
Nascido lá em Pedreiras
Compôs o “Pisa na Fulô”
Comeu “Peba na Pimenta”,
Deu asas ao “Carcará”
E de tanto em versos voar,
Viu mudada a sua sina...
João produziu tantas letras
Que se alguém a descrevessem,
Talvez noites de sono perdesse
Citando todas suas rimas
Nesse Brasil é assim:
Quem quiser ser famoso morra
oão do Vale poucos lembram
Dos seus versos, seus poemas
Muitos, não sabem um só tema
Nem sequer seu nome louva
Até mesmo os seus filhos
Segundo fui informado
Nada fazem pra manter
O nome do pai lembrado...
Só querem colher os frutos
Resultante do tributo
Que o João deixou gravado
Assim, é vida de poeta
Passa fome, perde o sono
Pra escrever nas madrugadas
Tal qual o roceiro e sua enxada,
Planta frutos em sua lida...
Após a inspiração faltar
Em angústia se consome
Vem a morte, outros comem
Tudo o que o poeta homem
Juntou em toda uma vida
Com poeta, é desse jeito
Com João do Vale, foi assim
Difícil se conceber
O homem que enalteceu
A Princesa do Mearim...
Hoje se vê lá em Pedreiras
Erguida bem na entrada
Um monumento, um quase nada
Uma estátua ”pequena assim”
Acaso sua obra fosse
Compatível ao seu autor
Quem chegasse aquela cidade
Numa estratégia passagem
Algo bonito e diferente ....
Ali, toda gratidão
Do pedreirense ao João
Numa bonita paisagem
Com uma grande metragem
Uma estátua imponente
Quem dá valor a cultura
Não deixa de admirar
A obra de João do Vale
E hoje não ser lembrado,
Fica com razão revoltado...
Ao deparar na entrada
Daquela bela cidade
Com aquela mediocridade,
Um monumento de dois palmos
Lá não vi Praça João do Vale
Um logradouro ou avenida
Nada que melhor retrate
O que o poeta fez em vida...
Que o poder público atual
Com um gesto de grandeza
Corrija o erro magistrado
Aprove um novo translado
É essa, atitude a mais digna
Enquanto isso, sigo escrevendo
Denunciando, enaltecendo
Incansavelmente colhendo
Versos deste meu celeiro ...
Talvez curando as feridas
Sofrendo com a triste vida
Dessa gente brasileira
Este poeta de porteiras,
Jesus Tavares Pinheiro