Você cria
Eu sou aquele seu medo
E cada elemento que vejo
Fico contando nos dedos
Qual dos egos eu concebo
Se será logo, bem cedo
Ou aos pouco me enredo
Se serei na dose certa
Um normal sinal de alerta
Ou quantidade concreta
De um medo que desconcerta
De tudo o mais que lhe cerca
Com a morte como meta
Um punhado de breu turvo
Porções de assombros fortuitos
Calafrios absurdos
Fobias a mais que uso
Nas impressões que desnudo:
Gritos falhos, choros mudos
Sou a insistente presença
Que lhe invade sem licença
Que ao inconsciente atenta
Municiando a tormenta
Que com o tempo só aumenta
Que lhe toma e desorienta
Estou ao lado do lado
Na frente das suas costas
Por sobre e embaixo das botas
Nos armários e guarda-roupas
Nos cômodos abertos e teto
Na atmosfera que empesto
Sua bizarra companhia
O indesejável guia
Sensação que asfixia
Mentecapta sintonia
Sou medo sem o qual um dia
Você não mais viveria