AGRESTE.

Áh, frio úmido agreste.

O giz riscando a aurora

O vento, moço vadio.

Faceiro vai sem demora.

Soprar lânguido as nucas.

Das moças virgens de outrora.

Cortina úmida de frio.

De cinza sua cor denota

Descendo nas tardes de agosto.

Atada no voo da gaivota.

Pousando na torre da igreja.

Onde o veu do poente desbota.

O vento uivava ofegante.

Na serra inteira se ouvia.

Nas grotas e copas das matas.

Toda folhagem tremia

É como se o tempo estivesse.

Enchendo o pulmão de poesia.

Quantas saudades que tenho.

Dos assombrados medonhos.

Caiporas em matas fechadas.

Dos encantados risonhos.

Das fazendas com ricas botijas.

Lá nos currais dos meus sonhos.

Agreste, raios de seda.

Que beijam com tal pudores.

A fina pele da pétala.

Que oferta néctar de amores.

No acasalar dos canteiros.

Das praças fartas de flôres.

Agreste frio que deixei.

No meu chorar de umidades.

Da minha terra orvalhada.

Que me alimentou de verdades.

Fico mastigando punhados de lembranças.

Com pedaços bons de saudades.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 11/08/2012
Código do texto: T3824520
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