A JARRA DE ÁGUA.
Lá num cantinho da cozinha.
Onde se sente o cheiro da horta.
Em um acimentado liso.
Bem cobertinha se comporta.
Feita de barro das mãos do oleiro.
Estava a jarra por detraz da porta.
Era de pronto sua serventia.
Para os canecos de frende sem asa.
Como uma fonte de água parada.
Seu corpo frio de água não vaza.
De água pura os canecos enchiam.
Matando a sêde do povo da casa.
Em se partindo uma rapadura.
Ou saboreando um doce de barra.
Antes que o gosto do dece sumisse.
Do ceu da boca onde se agarra.
Ia direto completar o lanche.
Tomar um copo de água da jarra.
Forró tocando na serra.
Forrozeiros caiam na fuzaca.
Embicando lapadas de cana.
Fumo de rôlo picado de faca.
Se valiam de água da jarra.
Pra aliviar a resaca.
Lembrando sinto saudades.
Do sol quebrando na barra.
Do milho assado no fogo.
Do forte apitar da cigarra.
Sintindo sêde eu também.
Tomava água da jarra.