A triste morte da raposa
Eu assisti no you tube
Resolvi cordelizar
É um causo comovente
Que vai te fazer chorar
De um homem sem esposa
Que criava uma raposa
Dentro do seu próprio lar
Ele sendo um lenhador
Vivendo na humildade
Lá na zona interior
Bem distante da cidade
Com o filho e a esposa
Uma pretinha raposa
Que amava de verdade
Trabalhou amargamente
O lenhador seu José
Chegou a casa à tardinha
Não encontrou a mulher
Seu filhinho abandonado
E a raposa de lado
Lhe fazendo um cafuné
A maldita da esposa
Sem aguentar a pobreza
Uma safada danada
Vivendo na safadeza
Uma penosa biscate
Foi embora cum mascate
Para outra redondeza
Porem o tal lenhador
Foi em busca da bonança
Com sua grande humildade
Sem perder a esperança
E a dita da raposa
Fez o papel da esposa
Cuidando bem da criança
Toda tarde ele voltava
Da luta no matagal
E a bondosa raposa
Com seu instinto animal
Sentinelando o menino
Naquela cama dormindo
Com rostinho angelical
Mas porem os seus vizinhos
Sem temer a Deus do céu
Diziam que a raposa
Era um animal cruel
Se você não vigiar
Um dia vai amagar
O gosto amargo do fel
Dizia que a raposa
Era animal felino
Que comia ganso e pato
Galo galinha e pintinho
É diferente do homem
Se ela tiver com fome
Vai comer o teu filhinho
Mas o lenhador lutava
Todo noite e todo dia
Toda tarde ao retornar
A raposa o recebia
Ele entrava na tapera
E aquela pobre fera
Seu filhinho protegia
Ele dizia eu achei
Esta bichinha filhote
Na minha luta na lenha
Ela fraquinha e eu forte
A criei com muito amor
Não sei se ela acertou
Ou fui eu que tive sorte
Hoje acontece o contrario
Ela bem forte e eu fraco
Ela passa o dia em casa
Eu passo dentro do mato
Porem quando chego aqui
Sempre a encontro a sorrir
Se me trair eu a mato
Batiam a língua nos dentes
Mas porem não ajudava
Não cuidava do bebe
Nem perto dele chegava
E pro lenhador dizia
Que a raposa um dia
Seu filhinho devorava
Depois de tantas conversas
Começou preocupar
Pensando que a raposa
Ia seu filho matar
E comer o inocente
Não trabalhava contente
E começava a chorar
E voltava apreensivo
Com a mente atordoada
Com a machado nas costas
E na mão a espingarda
Mas abria a taramela
Via seu filho e a fera
Começava dar risada
E dormia agradecido
Abraçado ao seu filhote
E a raposa do lado
Com aquele cheiro forte
Ele fazia oração
Pra Deus lhe dar proteção
E também livrar da morte
Mas certo dia porem
Ele seguiu a rotina
Passou na pedra o facão
Calçou a sua botina
E seguiu pra capoeira
Levando em sua algibeira
Munição pra carabina
Trabalhou o dia todo
O coitado lenhador
Ao chegar a tardezinha
Para casa retornou
Destravancou a janela
E caiu na esparrela
Que o destino traçou
Chorou aquele guerreiro
Quando adentrou a morada
Ao ver aquele animal
Com a boca ensanguentada
Viu também o chão vermelho
E se lembrou do conselho
Que ouviu da vizinhada
A raposa sorridente
Como estava acostumada
E ele cego de raiva
Carregou a espingarda
Ali perdeu a razão
E lembrou da traição
Da esposa sua amada
Então puxou o gatilho
E a raposa caiu
Se esticando morrendo
Olhou pra ele e sorriu
Então aquele matuto
Com seu jeito rude e bruto
Lá para o quart seguiu
Ao chegar perto da cama
Partiu o seu coração
Uma cobra estraçalhada
Ensanguentada no chão
Então viu o seu filhote
Dormindo livre da morte
Com divina proteção
Isto serve de exemplo
Pra você mentalizar
Se tu não tiver certeza
Nunca poderá julgar
Está no livro sagrado
Que do jeito que julgar
Tu também serás julgado.