FELIZ NO PASSADO.

Sou do tempo da rural

Do maverick possante.

Sem air-berg nem alarme.

E com chofer no volante.

Preparando uma banguela.

Vendo a ladeira adiante

Iamos soltos no banco de traz.

De acochoado espaçoso.

Sem cinto nem trava elétrica.

No balançar vagaroso.

Fazendo muita algazarra.

E não era tão perigoso.

Dormia em cama de grade.

Pijama de franela esquentado.

Na madrugada fria mijava.

De manhã com o sol apontado.

Voava o lençol estendido.

Pra enxugar os mijado.

As meninas pulavam cordas.

Amarelinhas e queimadas.

Com cantiguinhas e palmas.

Entrelaçavam as passadas.

Meninos jagando botão.

Nos batentes das calçadas.

O dono da bicicleta.

Reinava em absoluto.

Com voltas ao redor da pracinha.

Olhar discreto e astuto.

Empressionava as meninas.

Pedalando minuto a minuto.

Vinha da escola com sêde.

Descia ligeiro do carro.

Cortava veloz pra cozinha.

Caneco na mão ia ao jarro.

De água fria e gostosa.

Saindo do filtro de barro.

Se tinha tosse ou cansaço.

Se desatava logo o nó.

Mastruz ou erva cidreira.

Tiradas de um quintal só.

Pra piolho o remedio certo

Era neocide em pó.

Lá na vendinha da esquina.

De placa toda enfeitada.

Balcão de madeira rachado.

Virava de golada em golada

Fechava os olhos tomando.

Uma boa cruch gelada.

Passavamos tardes inteiras.

Todos espremidos num banco.

Servindo pra nós de bandeja.

Um tamburete meio manco.

Cheinho de biscoito e confeito.

E o zorro na tv preto e branco.

Vejo a radiola na sala.

De um invernizado brilhante.

Os lpês espalhados.

No chão e sobre a istante.

E sobre o vinil deslizando.

A agulha de diamante.

Bom mesmo era os assustados.

Na casa de um brotinho.

Coquitel de groselia e maçã.

Dançando rostinho com rostinho.

Ao som dos fevers ou dos folhas.

Os casais daçavam juntinho.

Sinto saudade não nego.

Do pega varêta e do bingo.

Sapato cavalo de aço.

Dava a altura de um gringo.

Com eles ia ao cinema.

Na matinê de domingo.

Vai saudade vem saudade.

Do quadro negro e do giz.

Onde tava escrito "bom dia "

Da professora para o aprendiz.

É voltando para o passado.

Que eu passo a ser feliz.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 03/08/2012
Código do texto: T3810886
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