Trabalho Dignifica

Trabalho de camelô,

Vendo várias bugingangas,

Eu já vendi até cangas,

Sou muito trabalhador,

Eu já trabalhei com dor,

Quando tenho tempo, leio,

Trabalho quase sem freio,

Às vezes no clarão da lua,

Não tô no meio da rua,

Eu tô na rua do meio.

Vendo martelos, marretas,

Cordas, machados, pincéis,

Eu vendo até cordéis,

Também lonas pra carretas,

Eu nunca faço caretas,

Vendo pás, pregos, arreios,

Pra cavalos, celas, freios,

Mas deixei de vender pua,

Não tô no meio da rua,

Eu tô na rua do meio.

Eu vendo fios de cobre,

Torneiras, buchas, tomadas,

Rolos, vassouras, enxadas,

Vendo pra ricos, pra pobres,

As despezas sempre cobrem,

Pra viver, foi esse o meio,

Parar logo, não enseio,

O trabalho continua,

Não tô no meio da rua,

Eu tô na rua do meio.

Vendo colher de pedreiro,

Mas não dou colher de chá,

Vendo copos para chá,

Eu nunca vendi cinzeiro,

Importa ganhar dinheiro,

Mas não pegar no alheio,

É perigoso e feio,

Pra quem na área, atua,

Não tô no meio da rua,

Eu tô na rua do meio.

Na rua, presenciei,

Várias coisas engraçadas,

Moças jogando peladas,

Homens infrigindo leis,

Brigas de lésbicas e gays,

Assaltos e tiroteios

Em agência dos correios,

Vi mulher correndo nua,

Não tô no meio da rua,

Eu tô na rua do meio.

Tiago Duarte
Enviado por Tiago Duarte em 02/08/2012
Código do texto: T3810356
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