DÉCIMAS AO MENINO JOÃO HÉLIO
DÉCIMAS AO
MENINO JOÃO HÉLIO
Como é que pode meu Deus,
Haver tanta atrocidade,
Haver tanta crueldade,
Se todos são filhos Teus?
Inda que fossem ateus,
Sem acreditar em nada...
...E a consciência de cada,
Onde fica esta razão?
Meu Deus, meu Deus, Não sei não!
Que violência danada!
Nesta cidade tão linda,
Que é dita maravilhosa
Estamos em polvorosa...
A paz, que seja bem-vinda!
Violência vai-te, finda,
Sai das ruas da cidade;
– Que fique a felicidade –
Deixa-nos salvo dos maus!
Por qu’este violento caos
Que transporta mortandade?
Sabemos que a impunidade
Tem culpa nesse cartório,
Todo seu adjutório
Está em prol da maldade,
Matando aos pouco a cidade.
Oh! Que o punir logo aviste,
Chegue com o dedo em riste;
Que empregue o ‘Hamurabi’,
Mas que a violência acabe,
É nisso que a gente insiste!
Vejam que história triste
Dessa criança João Hélio;
Parecia ser o afélio
Da violência que existe,
Seguidora que persiste
Em atingir qualquer um,
O big bam do comum,
Vai vitimando inocente
Levou-lhe a vida latente,
Com o não oportuno bum!
Ó Deus meu! Não, nem com Rum
Quero e posso acreditar,
Que a fera foi pra matar.
Mas, sentiram medo algum?
“Habemus confitentem reum.”
Essa horda de assaltante,
Levara a vida do infante,
Desmantelando a família
Deixa o País em vigília
No episódio comovente.
Arrastaram o inocente
De Oswal. Cruz a Cascadura,
Ali sua dor se mistura
Com a dor da morte urgente;
Ajudar quis muita gente,
Porém não tinha mais jeito,
O serviço tava feito.
Dez minutos de agonia,
Imensa selvageria,
Milhões de sonhos desfeito!
Não tem coração no peito,
É pedra que ali traz,
Esse malvado rapaz.
Não é só frase de efeito
Dita por qualquer sujeito.
Não tem coração, não tem,
Vou dizer aqui também:
Quero vê-lo na cadeia
Entrando sempre na peia
Só assim estará bem!
Mas, quero dizer que tem
Que mexer na lei vigente,
Eu quero ser coerente,
Vou pedir pra legislarem
E todos vocês votarem;
Mudando a lei penal,
Pois como está atual,
Quando o crime é cometido
O menor é protegido
Por essa lei paternal!
Peço agora no final
Pros pais que estão me lendo
Que este episódio horrendo
Não seja numero banal
Que não tenha outro igual.
João com sua meninice,
Pergunta: – “O quê que disse”?
– Disse que não seja em vão,
Tua trágica morte João!
– “O quê disse o quê que disse”?
Zé Salvador.
Domingo 11/02/07.
22h54min