Uma Cantiga de Primavera
I
"O meu coração me diz, fundamental é ser feliz".
(Geraldo Azevedo)
Esta é uma simples história
De um jovem que sem engano
Tinha um amor na vida
Sem causa de desengano
Era uma linda dama
Que vivia em seu plano.
O jovem então vivia
De casa muito distante
Em uma vida solitária
De dias amargurantes
Em ser feliz não queria
Tortura desesperante.
Vazia passava vida
Em uma tristeza sombria
Tão logo chegava noite
Depois logo amanhecia
Era tudo uma amargura
Dava dó, dava agonia.
A bela jovem morava
Muitas léguas ao sul
Também chorava nos cantos
A vida não era azul
Pois não se tinha beleza
Nem rapadura, nem angu.
Jovem de cabelos longos
Só chorava de saudades
E o rapaz bem distante
Só tinha ansiedade
De encontrar seu amor
E viver felicidade.
E logo assim que podia
Ele ao sul viajava
Quebrava toda tristeza
E num suspiro chegava
Abraçava bela dama
Num afago a beijava.
Assim a luz explodia
Ao longo da madrugada
Num raio que o céu cortava
Iluminava estrada
A vida assim renascia
Mais um passo na jornada.
E quando virava dia
Maldita hora chegava
O jovem com dor partia
E a flor despedaçava
Pausou os lindos momentos
A luz assim desprezava.
Porém o jovem rapaz
Tinha sangue corajoso
Caminhou pelo sertão
Venceu tudo perigoso
Era de todos amigo
Não vivia desgostoso.
E assim a jovem dama
Guardava seu coração
Ao bravo jovem rapaz
Que tinha boa criação
Então plantou a semente
Nesse filho do sertão.
E em sua bela dourada
Guarda a paz num instante
E fica logo contente
É uma paixão fulminante
Ao arborecer uma planta
A linda flor perfumante.
II
"O que eu quero é que ela quebre a minha rotina
Que fique comigo e deseje me amar".
(Brandão, Lobão & Paes)
Voa pelos céus e mares
Com coração ansioso
Voa pelas manhãs e tardes
No pavão misterioso.
Ama e vive a história
Que ao longo construísse
Ama e vive a história
Não tem nenhuma mesmice.
Busca e mostra tua fé
E toma realidade
Busca e mostra teu amor
Bem sabes que é verdade.
Sonha e canta manhã
A poesia da ilha
Sonha e canta à tarde
A cantiga pela trilha.
Então chore e sorria
Siga sempre adiante
Então chore e sorria
É um conto fascinante.
III
"Não demora, por favor que eu só quero te encontrar
Pra te dar de volta tudo que eu sonhei"
(Lobão)
Vão corações navegantes
Por lagos, rios e mares
Em galopes tão marcantes
As matas, sertões são lares.
Aonde estaremos quando amanhecer?
São florestas dominantes
Com mesas, palcos, altares
Entre céus fulgurantes
As revoadas, cantares.
Por onde correremos quando vencer?
Vão sorrisos incessantes
Em sonhos, passos, olhares
Com palavras caminhantes
As cantigas populares.
O que sentiremos quando alcançar?
São métricas inconstantes
Em versos, prosas, contares
São poéticas amantes
Entre romances, lugares
O que usaremos quando dançar?
IV
"Eu te prometo o sol, se hoje o sol sair
Ou a chuva, se a chuva cair".
(Geraldo Azevedo & Renato Rocha)
Era manhã de dezembro
Longos dias se fizeram
Tardes correm escaldantes
Noites felizes vieram
O jovem rapaz rumou
E nos mares ancorou
Eternos dias tiveram.
Nas ruas correm brincantes
A colorir os ladrilhos
O sol reina triunfante
O trem navega nos trilhos
É o fim da primavera
O calor se mantivera
Estrelas marcam seus brilhos.
Palavras recordarei
Girando sonho futuro
E para atrás lembrarei
Reluz ponte no escuro
Olhares sempre em frente
Lugar no tempo presente
Amor, tesouro mais puro.
Boa Vista do Rio Branco, julho de 2012.