A Raiz, O Caule e A Folha - Um cordel de Botânica
As folhas sabem procurar pelo sol
Os caules conduzir e sustentar
E as raízes procurar, procurar...
(Modificado de Gilberto Gil & Caetano Veloso)
APRESENTAÇÃO
Eu venho agora mostrar
O que vem do coração
Trago da alma botânica
As plantas neste borrão
Espero que todos gostem
Da minha nova canção...
Para estudarmos as formas
Temos a Morfologia
Pra células e tecidos
Nas plantas – Anatomia;
E descrevendo os órgãos
Vem a Organografia
Assim, Ferri ensinou
Termos em linhas gerais
Esses conceitos tratamos
Organismos Vegetais
Que desta forma divergem
Dos chamados Animais
E a primeira lição
Que temos no literário:
Toda planta apresenta
O crescimento primário
Mas só algumas possuem
Crescimento Secundário...
A RAIZ
A raiz tem sua origem
Radicular no embrião
O meristema apical
Define sua direção
Assim pela vertical
Desenvolve para o chão
Então ela apresenta
Positivo geotropismo
Sempre em busca da água
Sendo assim Hidrotropismo
Do outro lado a luz
Nega seu Fototropismo
Geralmente subterrânea
Feita para fixação
Também aclorofilada
Inicia a condução
Tem seus vasos alternados
Pronta para a absorção
Tem dois tipos principais:
O sistema axial
Uma raiz desenvolvida
É o eixo principal
Que raízes laterais
Aparecem ao final
No tipo fasciculado
A principal não há mais
Das raízes adventícias
Emergem as laterais
Bastante ramificadas
Finas, superficiais
Cada raiz compreende
Em três zonas por razão
Protegidas pela coifa
Zona de maturação,
Zona de alongamento,
E de multiplicação
Acumula nutrientes
Pela raiz principal
Que a cenoura é exemplo
E também na lateral
Pela qual a mandioca
Que tem sempre no quintal
É chamada de haustório
Agindo por parasita
A erva-de-passarinho
Faz-se hemiparasita
Mas se for o cipó-chumbo
Dá-se holoparasita
E quando são adventícias
Do periciclo germinam
São escoras no manguezal
Pois assim se denominam
Tabular ou sapopema
Grampos nos muros dominam
E são estranguladoras
Com um abraço fatal
Podem ser respiratórias
No ambiente manguezal
São velames nas orquídeas
Flutuam no fluvial
O CAULE
O meristema apical
Caulinar no embrião
Determina o crescimento
Para bem longe do chão
Porém hão tipos de caule
Que não têm sustentação
Crescido do epicótilo
Pelas funções caulinares
É também o hipocótilo
Com primórdios foliares
Sendo assim originam
As suas gemas axilares
É geralmente aéreo
Frondosamente altivo
Sustenta toda a copa
Geotropismo negativo
Tem seu destino a luz
Um tropismo positivo
Durante o estádio jovem
É fotossintetizante
Órgão para condução
Grão fluxo a todo instante
Pode acumular reserva
Qualidade incessante
Podemos classificá-lo
Por um método temático
Eis o meio em que vivem
Um forte exemplo prático:
Aéreo e subterrâneo
Como também o aquático.
Nos aéreos destacamos:
Eretos pra começar
Colmo, haste e estipe
Que podem se sustentar
O mais forte é o tronco
Está em todo lugar.
Agora com rastejantes
Vamos seguindo em frente
Com estolão e sarmento
Enraizar é divergente
Bem como os trepadores
Fixam-se espiralmente
Com os tipos subterrâneos
Essa rima continua
Tubérculo e rizoma
Tem na feira, tem na rua
Assim como bulbo e cormo
Não há quem não usufrua.
Chegou a vez dos aquáticos
Que exalta adaptação
São tenros e com aerênquimas
Atuam na flutuação
É o caule das ninfeias
Também pra respiração.
Sei que você reconhece
Os vegetais na Ciência
Desta forma ressaltamos
Toda a sua excelência
E dando continuidade
Vejamos à Consistência:
Temos o tipo herbáceo
Um caule tenro e viçoso;
Caule comum dos arbustos
É o tipo sublenhoso;
Resistente e arbóreo
Assim é tipo lenhoso.
Já para o clima mais árido
Vem uma modificação
De caules verdes e áfilos
Com águas na retenção
Palma e mandacaru
Os cladódios do Sertão.
Ramificações do caule
Ação da gema apical:
Produzindo eixo único
É o monopodial
Ações por mais de uma gema
Constrói o simpodial.
A FOLHA
Os primórdios foliares
Próximos ao meristema
Caulinar originaram
As suas folhas sem problema
Trago suas características
Num registro por dilema
É um órgão laminar
Uma expansão lateral
Originada do caule
De cor verde em geral
Realiza fotossíntese
Sua regra fundamental
E também é responsável
Por toda respiração
E pelas trocas gasosas
Além da transpiração
Quando perde água líquida
Chamamos de gutação.
Assim elas representam
Uma beleza repleta
Bainha, pecíolo, limbo
A folha está completa
Uma ausência compreende
Numa folha incompleta
O tipo peciolada
A folha não tem bainha
É denominada séssil
Sem pecíolo e bainha
O tipo é invaginante
Quando tem uma grande bainha
Tem a folha como marca
Órgãos, eventos, carimbos
Mas é difícil pensar
Uma folha que não tem limbo
Este é o filódio onde
Pecíolo é o limbo
E podemos encontrar
Como função protetora
Escamas, brácteas, espinhos
E também reprodutora
Gemas, soros, e antófilos
E gavinha fixadora.
Acumulando substâncias
Que vem desde o embrião
Também folhas coletoras
Tem papel de nutrição
Já as plantas insetívoras
Capturam por secreção.
Apresentam acessórios:
As lígulas nas Poaceae
Como também as estípulas
Presentes nas Rubiaceae
Ócreas laçam envolventes
As belas Polygonaceae.
Ao classificar o limbo
Veja como uma figura
Ápice, base e margem
Caracterizam postura
Várias classificações
Determinam a nervura.
E quanto à superfície
Elas podem ser pilosas
Podem ser glabras também
Ou lisas, ou espinhosas
Em Araceae fenestradas
E em Fabaceae mimosas.
Quebradiças lembram couro
Tratando da consistência
Carnosas ou suculentas
Nas secas, a persistência
Membranáceas são flexíveis
Expressam boa aparência.
Para divisão do limbo
São chamadas de pinadas
Em relação aos folíolos
Temos polifoliadas
E duplamente compostas
Biternada, bipinada.
Por fim a filotaxia
Tem oposta e cruzada
Com uma folha num só nó
Cada lado, alternada
E com três ou mais dispostas
Chamamos verticilada.
Aos amigos, colegas e acadêmicos.
Boa Vista do Rio Branco, julho de 2012.