GALOPE Á BEIRA-MAR
Galope à Beira-Mar
VIOLEIRO A
Não me queiras pegar na rima,
Na rima do popular,
Eu quero a tua estima
Não quero te maltratar.
VIOLEIRO B
Eu sou um cabra da peste
No estilo popular,
Cipó de vara silvestre
Eu tenho pra te açoitar.
VIOLEIRO A
Eu faço versos com rima,
Faço sem rimas também,
Faço de cabeça pra cima
Do jeito que me convém.
VIOLEIRO B
Eu faço de qualquer jeito,
Ponta cabeça no chão
Cabra está com despeito,
Vai escorregar no sabão.
VIOLEIRO A
Faço versos de improviso
Na viola ou violão,
Desafio se preciso
Com a mente ou o coração.
VIOLEIRO B
Que improviso tu tens
Cabra besta desdentado
Dou-te uma pisa nos trens
Vou te deixar estirado.
VIOLEIRO A
Não venhas com desafio
Querendo me açoitar,
Tu vais ficar por um fio
Num Galope à Beira-mar.
VIOLEIRO B
Num Galope à Beira-mar
Eu não perco pra ninguém,
Nem Pedro, nem Ribamar
Nem pra homem sem vintém.
VIOLEIRO A
Sou um poeta de estilo
Se quiser fazer poema
Não sou de perder o brilho,
Não temo teu estratagema.
VIOLEIRO B
Tu não tens nenhum estilo
Poeta de três vinténs,
Rima brilho com estilo,
Pobre rima é o que tu tens.
VIOLEIRO A
Vou terminar por aqui
Para não sofreres mais,
Canto como o bem-te-vi
Que canta todos seus ais.
VIOLEIRO B
Vais terminar boca torta,
Porque não aguentas mais,
Sai logo ali pela porta
E não volte nunca mais.
INTERAÇÃO DA POETISA Aila Brito (obrigado)
Vou terminar bem a tempo
Sei do que sou capaz
Já demonstrei o meu talento
Agora vou seguir em paz
Poema dedicado aos violeiros repentistas do NORDESTE
que,com maestria, deixam viva esta cultura tradicional. Os versos
também foram feitos de improviso.
Leiam as obras de Adria Camparini, Tildé, Migel Jacó e Val Cunha.