"EROS EPSIQUÊ" (COMPLETO)
“EROS E PSIQUÊ”
Completo
Valdemiro Mendonça
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
I
Na famosa Grécia antiga
Não sei quando e por quê?
Nasceu a linda princesa,
Com um nome de Psiquê.
O mundo era só chamego
Com a menina afortunada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
II
Psiquê estava crescendo
Rapaziada de olho nela,
Todo mundo já querendo
Dar amasso na donzela.
Mas seu pai era o galego
E era bom na cacetada,
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
III
Aqueles atletas olímpicos
Que só lutava era pelado,
Tinham as peles tostadas
Parecendo frango assado.
Pra Psiquê davam arrego
Querendo-a como amada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
IV
O atleta que era corredor
Corria em frente o castelo,
Se vissem psiquê a janela
Já balançava o pinguelo.
Ela via o trem, no sossego,
Pois o rei dava pancada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
V
E ao verem tanta beleza
Já fizeram uma invenção,
Que Afrodite veio a terra
Na moça fez encarnação,
A deusa queria era apego,
Sem prova, era só jogada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
VI
Homens de lá achavam,
Deuses eram só velhotes,
A deusa estava cansada,
E não tinha mais picotes.
Aí se encarnou no pelego,
Duma mocinha delicada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
VII
Criaram este pensamento,
E seus templos abandonou.
Afrodite olhava lá do céu,
E o que viu ela não gostou.
Já saiu do seu aconchego
De raiva ficou até azulada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
VIII
Mandou fazer banquete
Pra Eros seu filho amado,
Disse preciso de um favor
Por isto eu fiz este agrado.
Um brinde a você eu ergo
Eu dou a poção dobrada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
IX
Na terra tem uma moça
Metida a bico de pomba,
Está cobrindo o meu sol
E quer é me fazer sombra.
Tirando um bom emprego
Desta deusa já enfezada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
X
Quero que leve seu arco
As flechas JÁ tem magia,
Meta uma boa flechada,
No bundão desta guria.
Para causar desemprego,
Desta moça desmiolada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XI
Ao espetar a flecha nela
O veneno vai lhe marcar
Com um feitiço poderoso,
E ela nunca vai se casar.
Nem com moço lôbrego,
Ela há de ser namorada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XII
Eros, um moleque arteiro,
E tinha uma vida insossa.
Diz pode deixar comigo
Que vou espetar a moça,
Logo que na casa chego,
Ela já vai levar flechada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XIII
Logo que a lua apareceu
Eros tido como deus belo,
Veio voando de riba céu
Pousou dentro do castelo,
Silente como o morcego
Busca comida na calada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XIV
Um sexto sentido lhe dizia
Onde ela estaria deitada,
Ele foi entrando no quarto,
A moça dormia é pelada.
Vê a bunda diz, que rego.
Que bundinha arrebitada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XV
E Psiquê estava sonhando
Que brincava de boneca,
Virou a bunda para baixo
Em cima ficou a perereca,
Eros já foi inflando o ego,
Ficou numa tesão danada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XVI
Deusinho ainda donzelo,
Já desandou a tremular.
Seu pinto subia e descia,
Não dava pra controlar,
O trem era o desapego,
Da minhoca destravada,
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XVII
Com todo seu nervosismo
A flecha do arco disparou,
Em vez de acertar Psiquê
Foi no seu pé que acertou,
El trem ardeu como fuego
Quando faz a queimada.
E coitado do povo Grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XVIII
Como o menino era deus,
Foi fácil curar o ferimento.
Mas ele tava apaixonado,
Preparou outro unguento,
Com o pó de aconchego,
E pelo de aranha rosada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XIX
Untou o veneno na flecha,
E espetou a bela menina.
Daí pra frente só casaria,
Com um deus da sua sina,
Que inflasse seu alter-ego
E a deixasse apaixonada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XX
Ficou até um galo cantar
Babando Na linda Psiquê,
Só então voou pela janela
Para procurar o que fazer.
Precisava contar seu lego
Dizer pra mãe a enrolada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXI
Afrodite ficou bem brava
E acabou pintando o sete,
Rogou uma praga em Eros
Pra ter cara de dezessete,
Esta vai pagar ó meu nego,
Por ter gostado da safada,
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXII
O garoto bem revoltado
Tomou um porre de lascar,
Diz desta vez minha mãe
Seu filho vai lhe enfrentar
E pra dar o desassossego
Sua nora foi encontrada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXIII
Eros foi procurar o Apolo
Que era um chegado seu,
Disse-lhe Apolo me ajude
A conquistar o amor meu,
Antes que vire um gagego
Com esta paixão danada,
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXIV
Ele disse vamos esperar,
Que ela tá muito novinha
Ao completar quinze anos
A gente rouba a galinha,
Leva pro castelo do Diego
Aí você faz mexeconada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXV
Assim Eros ficou de molho
Esperando o dia propicio,
Á noite visitava o castelo,
E tinha de fazer sacrifício
Pra controlar o pintolego,
Sem encostar-se á amada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXVI
O rei meio desesperado
Sua filha não se resolvia,
Psiquê logo dispensava
O candidato que aparecia,
Neste moço não chego,
Pois ele cheira coalhada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXVII
E o pai dela foi consultar,
O oráculo que faz magia,
E diz preciso casar Psiquê
Senão vai é ficar pra titia,
Vê se honra seu emprego,
Veja se ela será casada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXVIII
Oráculo pau mandado,
Que Eros mandou vigiar,
Sabia que qualquer dia
O rei ia para se consultar
Ia engendrar o mau ego,
Rei daria uma oraculada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXIX
O oráculo assim oraculou
O rei vai fazer a manobra,
Leve Psiquê ao penhasco
Pois vai desposar a cobra,
Que mora lá no Mondego
No castelo da quebrada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXX
O bom rei ainda demorou
Um mês para levar Psiquê,
Mas a moça tava ansiosa,
Cobra? Quero nem saber,
Tendo cobra no cobrego,
Já fica a coisa arrumada
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXXI
Numa quinta feira santa,
Psiquê seguiu um cortejo,
E foi caçar a tal escarpa,
Achar a cobra do ensejo,
Fazendo lá seu proxego,
No meio da mata serrada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXXII
Deixaram a moça na relva
Cansada deitou e dormiu.
Zéfiro outro amigo de Eros,
Agarrou a menina e sumiu.
E no castelo do rei Lixego,
A moça bela foi deixada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXXIII
O castelo era atendido,
De forma bem impossível
Pois os criados lá na casa,
Era toda a gente invisível,
Só se ouvia era resfolego.
E sussurro de empregada,
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXXIV
Pra dar banho em Psiquê,
Todo mundo veio esfregar,
Puseram comida na mesa
Ela comeu e se foi deitar.
Sono não veio de achego,
E o Eros fez sua chegada,
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XXXV
Pensando ser tal de fera
Psiquê ficou com medo,
Mas acabou foi gostando
Entregando seu segredo,
Pra a cobra do mostrego,
E ela comia à degustada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXXVI
O monstro que pintaram,
Pode até ser um horroroso,
Mas era quente e macio
Sabia como fazer gostoso.
Era muito bom no esfrego,
E ela amava a esfregada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXXVII
De manhã o sol já quente
Acordou choramingando,
Cadê a gostosa cobrinha
Que saudade já ta dando
Da cobra no descarrego,
Que a fez desgovernada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXXVIII
Assim era todas as noites
Eros ia lá e batia o ponto,
Deusinho era assanhado
E não fugia do confronto
Era bom para o superego,
E fazia uma festa danada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XXXIX
Mulher não fica satisfeita
Estava bem com a cobra,
E ao invés de ficar quieta
Queria é comer gabiroba.
Danou a atentar seu nego
Tô com saudade danada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XL
Quando parava a delícia
Ela empinava o trombilo,
E chorava era soluçando
As lágrimas de crocodilo,
Pra Eros mostrar o apego,
Trazendo a família amada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XLI
Eros tava de saco cheio
E diz vou mandar trazer,
Mas veja bem como será
E não vir a se arrepender,
Mandou Zéfiro um didego
Buscar toda a parentada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
XLII
Zéfiro trouxe todo mundo
Sogro tios primas e a avó,
Veio o cachorro e cabrito
E a porca de um olho só,
João Antonio, Juca sebo,
Vieram com a embolada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada
XLIII
Foi só a turma ali chegar
Começou toda manobra,
Botaram na cabeça dela
Que ia ser papá de cobra,
Só ossos iam ao caixebo
Carne era banqueteada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XLIV
Irmã dizia não seja boba
Leve a noite a lamparina,
E esconde sob o colchão
Espera quieta em surdina,
Que durma o tal homego
Até chegar a madrugada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XLV
Se a cobra for muito feia
Meta a faca lá no ouvido,
Esta grana que vai herdar
Compra mais um marido,
E larga este subemprego
Que acho não vale nada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XLVI
Assim fez a bela menina
Ao ver a cobra acalmar,
E Ela acendeu foi à vela
Que achou melhor levar,
Foi aí que virou um alego,
Ela viu a vida desabada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XLVII
Viu o gato de dezessete
Par de asas de primeira,
As pernas bambearam
Já veio uma tremedeira.
Já caiu no arrependego.
Ficou toda atrapalhada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XLVIII
Tanto ela ficou embebida
Olhando a cara sem pelo,
Vela quente fez pingueira,
E tudo virou um pesadelo,
Sai fora que me aproxego
Se for a coisa arranjada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
XLIX
O garoto saiu da cama
Mais bravo que dragão,
Saiu voando pela janela,
Já lançando a maldição.
Hoje o boteco eu trafego,
Esta loura é atrapalhada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
L
Coitada da loura esperta
Dormiu só desconsolada,
Recebeu maior surpresa
Quando se viu acordada,
No castelo do pai aprego,
Aí viu que tava lascada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
LI
E Eros entrou lá no olimpo
Com cara de pamonha,
A mãe diz vai ter castigo
Moleque sem vergonha,
Vai voar como caga-sebo,
Com sua asinha cortada.
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
LII
E ela foi viver com o pai
Naquele castelo imundo,
A catinga de fezes e mijo
Dava desgosto profundo,
De penico sem descarrego,
E dormir em cama mijada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
LIII
Bem curado da bebedeira
Já foi fazendo a armação,
Para Psiquê ir até o oráculo
Pra tentar uma oraculação,
E quem sabe fazer entrego
De uma boa nova cartada.
E coitado do povo grego,
Se Afrodite ficar zangada.
LIV
Aconteceu exatamente
Como o deusinho previu,
O oráculo mandou Psiquê
Ir lá pra aponte que caiu,
Para procurar a Afrofrego,
Se abaixar pra endeusada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
LV
Depois de quatro provas,
Com o Eros a ajudando,
Ele de asa bem cortada
Seus bichos trabalhando,
Psiquê ganhou o arrego,
E também foi endeusada,
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
LVI
Depois Psiquê e seu Eros
Ferveram a fazer filhote,
Eros agora só trafegava
Com Psiquê no cangote,
Filhos deuses de asarego
E nenhuma atrapalhada
E coitado do povo grego
Se Afrodite ficar zangada.
Trovador
Amigos e poetas do Recanto das Letras: leiam a o cordel "o saci" do poeta Smão Pedrosa é um cordel muito lindo e de uma riqueza de detalhes impressionante, com certeza irão gostar. Um abraço.