O cabra que enganou a morte
I
A morte é inclemente
Mas só vem no dia certo
Ela fica ali por perto
Rodeando o paciente
E o cabra nem pressente
O fungado no cangote
Quando ela dá o bote
Aí se fecha a cortina
O cabra “bate a botina”
E “abotoa o capote”
II
Não adianta fugir
Nem tentar se esconder
Se o cabra tem que morrer
Nada pode impedir
Ainda tá pra surgir
Quem possa enganar a morte
Não adianta ter sorte
Ser rico ou inteligente
Nem tampouco ser valente
Porque a morte é mais forte
III
Enquanto não chega a hora
De o cabra “bater as botas”
Vê-se muitos idiotas
Jogando a vida fora
Mas a morte ignora
Pois sua agenda tá cheia
Ela nem se aperreia
Por ser tão desafiada
Pois um dia o camarada
Vai cair na sua teia
IV
Já o cabra que é marcado
Pra morrer num certo dia
Mesmo na cama macia
E dormindo sossegado
Mesmo sem ter arriscado
A vida que tanto ama
A morte urde a trama
Pois matar é sua arte
O cabra tem um enfarte
Morre ali mesmo na cama
V
U’a cigana me contou
Que um dia um cabeludo
Julgou-se muito sortudo
Quando ela lhe falou
Que o seu dia chegou
Pra se livrar desse fado
Com o cabelo raspado
Quis a morte enganar
Sem o peludo encontrar
Ela pegou o pelado
VI
Um vaqueiro na Bahia
Ao mandar ler sua mão
Teve uma revelação
Do dia em que morreria
Quando chegou o tal dia
Num baú se escondeu
Quando a morte apareceu
Ficou de bico calado
Passou o dia trancado
E asfixiado morreu
VII
Um soldado e um sargento
Pilotos de aviação
Pilotavam um avião
Durante um treinamento
Quando em dado momento
Sentiram o motor parar
Sem tempo pra aterrissar
Ejetaram os assentos
Mas foi somente o sargento
Que conseguiu escapar
VIII
Mas hoje fui informado
Que um cabra lá do norte
Enganou mesmo a morte
De um jeito inusitado
No dia que foi marcado
Pra se encontrar com ela
Encheu a sala de vela
E se deitou num caixão
Fingindo com perfeição
Que “esticou as canelas”
IX
Ele mandou espalhar
Que acabara de morrer
Para não acontecer
De a morte suspeitar
Com o povo a chorar
Todo em volta do caixão
Foi perfeita a encenação
Que aprontou o sujeito
Era um velório perfeito
Ninguém duvidava não
X
Quando a morte apareceu
Pra cumprir sua missão
Assim que viu o caixão
Nada daquilo entendeu
Se o cabra já morreu
Por que ali foi mandada?
Como estava assoberbada
E o cabra já defunto
Encerrou aquele assunto
E foi pra outra empreitada
XI
Ainda hoje no norte
Essa estória é lembrada
A saga do camarada
Que ludibriou a morte
Uns dizem que teve sorte
Outros que foi genial
Eu até li no jornal
Que vão lá muitos turistas
Pra conhecer o artista
Que se tornou imortal
I
A morte é inclemente
Mas só vem no dia certo
Ela fica ali por perto
Rodeando o paciente
E o cabra nem pressente
O fungado no cangote
Quando ela dá o bote
Aí se fecha a cortina
O cabra “bate a botina”
E “abotoa o capote”
II
Não adianta fugir
Nem tentar se esconder
Se o cabra tem que morrer
Nada pode impedir
Ainda tá pra surgir
Quem possa enganar a morte
Não adianta ter sorte
Ser rico ou inteligente
Nem tampouco ser valente
Porque a morte é mais forte
III
Enquanto não chega a hora
De o cabra “bater as botas”
Vê-se muitos idiotas
Jogando a vida fora
Mas a morte ignora
Pois sua agenda tá cheia
Ela nem se aperreia
Por ser tão desafiada
Pois um dia o camarada
Vai cair na sua teia
IV
Já o cabra que é marcado
Pra morrer num certo dia
Mesmo na cama macia
E dormindo sossegado
Mesmo sem ter arriscado
A vida que tanto ama
A morte urde a trama
Pois matar é sua arte
O cabra tem um enfarte
Morre ali mesmo na cama
V
U’a cigana me contou
Que um dia um cabeludo
Julgou-se muito sortudo
Quando ela lhe falou
Que o seu dia chegou
Pra se livrar desse fado
Com o cabelo raspado
Quis a morte enganar
Sem o peludo encontrar
Ela pegou o pelado
VI
Um vaqueiro na Bahia
Ao mandar ler sua mão
Teve uma revelação
Do dia em que morreria
Quando chegou o tal dia
Num baú se escondeu
Quando a morte apareceu
Ficou de bico calado
Passou o dia trancado
E asfixiado morreu
VII
Um soldado e um sargento
Pilotos de aviação
Pilotavam um avião
Durante um treinamento
Quando em dado momento
Sentiram o motor parar
Sem tempo pra aterrissar
Ejetaram os assentos
Mas foi somente o sargento
Que conseguiu escapar
VIII
Mas hoje fui informado
Que um cabra lá do norte
Enganou mesmo a morte
De um jeito inusitado
No dia que foi marcado
Pra se encontrar com ela
Encheu a sala de vela
E se deitou num caixão
Fingindo com perfeição
Que “esticou as canelas”
IX
Ele mandou espalhar
Que acabara de morrer
Para não acontecer
De a morte suspeitar
Com o povo a chorar
Todo em volta do caixão
Foi perfeita a encenação
Que aprontou o sujeito
Era um velório perfeito
Ninguém duvidava não
X
Quando a morte apareceu
Pra cumprir sua missão
Assim que viu o caixão
Nada daquilo entendeu
Se o cabra já morreu
Por que ali foi mandada?
Como estava assoberbada
E o cabra já defunto
Encerrou aquele assunto
E foi pra outra empreitada
XI
Ainda hoje no norte
Essa estória é lembrada
A saga do camarada
Que ludibriou a morte
Uns dizem que teve sorte
Outros que foi genial
Eu até li no jornal
Que vão lá muitos turistas
Pra conhecer o artista
Que se tornou imortal