Ariane, te pego debaixo do cobertor.
Quando te vejo chegar, tirar a roupa descompromissada em minha frente, balançar o cabelo e consertar os entalhes de sua calcinha, fico efusivo e variante, contente e excitante, como um jovem abobalhado, que virgem, impressionado com os contornos do corpo de uma mulher experiente, se masturba por medo de devorá-la.
Me sinto perdido às vezes na sua intimidade procrastinante que me corrompe a inocência infante e me remete aos delírios da imaginação promíscua e descompromissada.
Mas nesse delírio hilariante que me consome e me corrompe, crio coragem e me declaro teu escravo e servo claro. Não me importa se vais me amar, se vais sorrir e debochar. Só me importo com teu sorriso, com teus braços à minha volta e seus seios a me roçar. Com todo ardor e todo amor, eu me envolvo em teu querer, querer teu sonho e teu gozar, querer teu grito e teu suor.
— Diz-me agora se queres amar, se converter ao meu cantar?
— Continuo a sonhar enquanto tomas teu banho se refrescando de todo cansaço. E em teus dedos me vejo a deslizar como o sabonete em pequenas bolhas a espumar a tua pele sensível e arfante.
—Diz-me agora com um sorriso quente enquanto deito e te observo pela quina da porta do banheiro, onde suas curvas me envolvem em um sonho de inverno.
Eu fico ali, a te observar, querendo–te debaixo do cobertor, querendo-te de quatro e de ladinho, querendo-te grudada e gemendo alto. Deixa-me um frio a descer a espinha e um tremor a tomar o estômago, quando cheirosa, cheirando a rosa, me sorri malandra e mordendo os lábios encosta-se nua e se insinua.
Eu fico elétrico, eufórico e grato, por teu desejo em tal presente fato, que só de Vênus seria divino, mas que em teu corpo em mágico destino virei seu homem, teu amado menino.
Tu és minha esposa e com tal zelo e trato, que sem sonhar sonhava em tê-la amado, e agora tu que me dominas ao lado, à frente e ausente, és minha dona e escolhida deusa. Eu digo assim, em palavras curtas e fartas, pois em voz alta eu falho, pois tremo de amor e de estranha timidez herdada.
Minha amada Ariane, sou vacilante guerreiro, triste e choroso cativo, que neste difícil destino, me vejo amado e cuidado, por teu sorriso divino, por tua coragem e força. Assim, quando mais tarde dormindo, com sono leve e tranquilo, aconchegada em meu peito, dir-te-ei baixinho em sussurro:
— Te amo, minha doce princesa.