A PENDENGA DO CAIPIRA E O MOÇO DA CIDADE.

Estou aqui meus amigos,

Trazendo uma raridade,

Um debate bem humorado,

Engraçado de verdade,

Do centro urbano ao catira,

A pendenga do caipira,

Contra o moço da cidade.

Assim começou o caipira,

Fazendo a sua defesa,

Dizendo eu gostou é da roça,

Onde contempro a natureza,

Lá eu vivo sussegado,

Durmo sem ser perturbado,

E sou filiz com certeza.

Então o moço da cidade,

Rebateu com inteligência,

Dizendo olha meu amigo,

Ver se age com prudência,

Disse não da pra trocar,

O conforto desse lugar,

Por caipira vivencia.

O caipira respondeu,

É verdade meu sinhô,

Não dar mesmo pra trocar,

Essa puluição e calor,

Pro meu cantinho na roça,

E minha humilde palhoça,

Pro essa cidade dotor.

O calor aqui se acaba,

Pois é só ligarmos o ar,

Disse o moço da cidade,

Sem querer se humilhar,

Nem tiro e nem dou razão,

Pois é seu pedaço de chão,

O senhor tem que gabar.

Lá na roça tudo é Carmo,

Num tem essa agitação,

Os vizinhos nois conhecem,

São todos cumu irmãos,

Diferente aqui da cidade,

Que divide a humanidade,

Com muru artos e portão.

Disse o moço da cidade,

Isso ta bem explicado,

O que teria a fazer aqui,

Um matuto atrasado,

Me desculpe meu parceiro,

Mas o caboclo roceiro,

Tem que viver afastado.

Olha seu moço, não me diga,

Que o sinhô é diferente,

Ou voz mi cê ta pensando,

Que matuto é delinqüente,

Mas saiba que é lá da roça,

Que vem a cumida vossa,

E pra toda essa gente.

É de lá de meu cantinho,

Com trabaio e fadiga,

Que tudo que o sinhô come,

Enchendo a vossa barriga,

Pra dispois do bucho cheio,

Ficar aqui feito um isteio,

Me oiando anssim por riba.

Só quiria ver sua cara,

Se sua fome apertasse,

E o sinhô na granfinesa,

Argum alimento percurasse,

Se ia ficar se gabando,

Com a barriga roncando,

E nium alimento incontrassi.

Olha aqui meu camarada,

A roça pode até ser boa,

Porem aqui na cidade,

É que o caboclo soa,

Tenho a onde trabalhar,

E parques pra passear,

Mas não é pra cabra atoa.

Vamos cortar esse papo,

De falar mal da cidade,

Se você gosta da roça,

E suas particularidades,

Eu na minha você na sua,

Pois precisamos das duas,

Pra sobreviver na verdade.

Sei que não sobreviveremos,

Se uma das duas faltar,

Nós precisamos do campo,

E vocês que são de lá,

Precisam também da cidade,

Com suas variedades,

Pra vida não empacar.

Portanto meu camarada,

Seja inculto ou doutor,

Somos todos ser humanos,

Cada um tem seu valor,

Pra cessar a confusão,

Vamos todos dar as mãos,

E viver na paz e amor.

Assim termina a peleja,

Do caboclo e o doutor,

Cada um com suas razões,

Ninguém perdeu nem ganhou,

Vemos que cidade ou roça,

Sendo mansão ou palhoça,

Importa que se dê valor.

Cosme B Araujo.

08/07/2012.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 08/07/2012
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