As travessuras de Zé Coisado
I
Meu amigo Zé Coisado
Tem o pavio bem curto
Volta e meia dá um surto
E fica todo enfezado
É preciso ter cuidado
Pra lidar com o sujeito
Ele é um cara direito
Mas é muito intolerante
Às vezes ignorante
Esse é seu grande defeito
II
Quando era adolescente
Foi pra Recife estudar
Foi mal no vestibular
E ficou meio demente
Numa atitude imprudente
Naquele dia sombrio
Jogando os livros no rio
Mandou tudo se lascar
Se alguém fala em estudar
Ele sente um calafrio
III
Retornou para o Sertão
Pensando ser fazendeiro
Pegou o pouco dinheiro
Comprou um carro-de-mão
Dez canos pra irrigação
E muito arame farpado
Não sobrou pra comprar gado
Nem pra fazer o curral
E o Crédito Rural
Pelo banco foi negado
IV
Como era cabeça quente
Tomou isso como afronta
Mandou encerrar a conta
E agrediu o gerente
Escreveu pro presidente
Pedindo intervenção
E entrou com uma ação
Que a justiça indeferiu
Como a grana não saiu
Buscou outra ocupação
V
Sem outra alternativa
Porque emprego não tinha
Resolveu criar galinha
Para uma cooperativa
Vendia galinha viva
Abatida e também ovo
A sobra vendia ao povo
Na quitanda que abriu
Mas a empresa faliu
E ele quebrou de novo
VI
Homem de mente antiquada
Segue a Lei do Talião
Na linha da evolução
Está na Pedra Lascada
Um dia de madrugada
Seu cachorro um ninho ataca
Amarrou-o numa estaca
Com raiva descomunal
Pegou o pobre animal
Tirou-lhe os dentes à faca
VII
Um dia numa caçada
Teve uma disenteria
Saiu numa correria
Entrou na mata fechada
Já com a calça arriada
E o serviço quase feito
Agachou-se de mau jeito
Em cima de um formigueiro
Ao levantar-se ligeiro
Furou o olho direito
VIII
Foi procurar um doutor
Chamado de oculista
Tentando salvar a vista
Do olho superior
Pois o olho inferior
Se antes não enxergava
Agora nem mais piscava
De tanto que tava inchado
Pelas formigas picado
Nem supositório entrava
IX
Depois de ser internado
E passar por cirurgia
Teve um pouco de miopia
No olho que foi furado
Com o anus desinchado
Tudo voltou ao normal
Ao deixar o hospital
Tentou arranjar um sócio
Pra botar outro negócio
Mas de novo se deu mal
X
Aquele material
Que ele tinha comprado
Ficou todo abandonado
Num recanto do quintal
O sonho de um curral
Cheio de vacas e bois
Foi ficando pra depois
Pois estava sempre duro
E pensando no futuro
Usou o seu plano dois
XI
Como era um cara estudado
Valeu-se desse recurso
Inscreveu-se num concurso
E logo foi aprovado
Mudou-se para outro estado
E se empregou na polícia
Sei que trabalha em perícia
Mas perdi o seu contato
Não sei por que o ingrato
Nunca mais me deu notícia
XII
Esse é um breve resumo
Da vida de Zé Coisado
Que penou feito um coitado
Até acertar o prumo
Depois que mudou o rumo
Eu perdi seu endereço
Mas não perdi o apreço
Por aquela criatura
E as suas travessuras
Eu morro, mas não esqueço
I
Meu amigo Zé Coisado
Tem o pavio bem curto
Volta e meia dá um surto
E fica todo enfezado
É preciso ter cuidado
Pra lidar com o sujeito
Ele é um cara direito
Mas é muito intolerante
Às vezes ignorante
Esse é seu grande defeito
II
Quando era adolescente
Foi pra Recife estudar
Foi mal no vestibular
E ficou meio demente
Numa atitude imprudente
Naquele dia sombrio
Jogando os livros no rio
Mandou tudo se lascar
Se alguém fala em estudar
Ele sente um calafrio
III
Retornou para o Sertão
Pensando ser fazendeiro
Pegou o pouco dinheiro
Comprou um carro-de-mão
Dez canos pra irrigação
E muito arame farpado
Não sobrou pra comprar gado
Nem pra fazer o curral
E o Crédito Rural
Pelo banco foi negado
IV
Como era cabeça quente
Tomou isso como afronta
Mandou encerrar a conta
E agrediu o gerente
Escreveu pro presidente
Pedindo intervenção
E entrou com uma ação
Que a justiça indeferiu
Como a grana não saiu
Buscou outra ocupação
V
Sem outra alternativa
Porque emprego não tinha
Resolveu criar galinha
Para uma cooperativa
Vendia galinha viva
Abatida e também ovo
A sobra vendia ao povo
Na quitanda que abriu
Mas a empresa faliu
E ele quebrou de novo
VI
Homem de mente antiquada
Segue a Lei do Talião
Na linha da evolução
Está na Pedra Lascada
Um dia de madrugada
Seu cachorro um ninho ataca
Amarrou-o numa estaca
Com raiva descomunal
Pegou o pobre animal
Tirou-lhe os dentes à faca
VII
Um dia numa caçada
Teve uma disenteria
Saiu numa correria
Entrou na mata fechada
Já com a calça arriada
E o serviço quase feito
Agachou-se de mau jeito
Em cima de um formigueiro
Ao levantar-se ligeiro
Furou o olho direito
VIII
Foi procurar um doutor
Chamado de oculista
Tentando salvar a vista
Do olho superior
Pois o olho inferior
Se antes não enxergava
Agora nem mais piscava
De tanto que tava inchado
Pelas formigas picado
Nem supositório entrava
IX
Depois de ser internado
E passar por cirurgia
Teve um pouco de miopia
No olho que foi furado
Com o anus desinchado
Tudo voltou ao normal
Ao deixar o hospital
Tentou arranjar um sócio
Pra botar outro negócio
Mas de novo se deu mal
X
Aquele material
Que ele tinha comprado
Ficou todo abandonado
Num recanto do quintal
O sonho de um curral
Cheio de vacas e bois
Foi ficando pra depois
Pois estava sempre duro
E pensando no futuro
Usou o seu plano dois
XI
Como era um cara estudado
Valeu-se desse recurso
Inscreveu-se num concurso
E logo foi aprovado
Mudou-se para outro estado
E se empregou na polícia
Sei que trabalha em perícia
Mas perdi o seu contato
Não sei por que o ingrato
Nunca mais me deu notícia
XII
Esse é um breve resumo
Da vida de Zé Coisado
Que penou feito um coitado
Até acertar o prumo
Depois que mudou o rumo
Eu perdi seu endereço
Mas não perdi o apreço
Por aquela criatura
E as suas travessuras
Eu morro, mas não esqueço