A alma
Não sei se a alma existe
Sei que existe uma vontade
Força que fica e persiste
Que exibe capacidade
Que nos convence a tolice
Que nos move as faculdades
Suprassumo, etéreo, essência.
Abstrata e vitalícia
Interior, consciência
De inocência ou malícia
Na indelével gerência
Das decisões que arbitra
Ora fato, ora crença,
Segue as almas as correntes
Fundamentalista aumenta
As incertezas da gente
Diante das consequências
Ou da fé correspondente
Leio nos leigos seguros
O que preciso saber
Caricato ou obscuro
O que vai dentro do ser
Para ultrapassar o muro
Que um dia irá ceder
Almas gêmeas, almas puras
Calmas, e sebosas (na gíria)
Transparentes, inseguras
Nas pessoas que desfilam
Milhões de almas nas ruas
Cada uma é uma ilha
Que transcendem com seus feitos
Que assustam com sua volta
Almas com mil preconceitos
Que trazem ruína e revolta
Que orgulham e enchem o peito
Almas boas, almas tortas
À parte essa descrença
Que às referências não vence
Quanto à sua existência
Que experimento entrementes
Deixo espaço à penitência
Que saldarei com a ciência
E a alma virá tranquila
Pousar nas minhas verdades
Como primeira da fila
De minha credulidade
Enchendo a minha mochila
Com os fatos da insanidade.