“DEVANEIO DE PAIXÃO"

Eu vou falar nesse poema

Duma ferrenha paixão

Que pôs no meu coração

Um preso par de algema

É sofredor este tema

Tanto que não encontrei jeito

Para estancar do meu peito

O riacho de postema.

O rastro dessa paixão

Até hoje me acompanha

Desentranhou minha entranha

Desretinou minha visão

Feito bola de sabão

Foi-se embora no vento

Deixou-me no sofrimento

Inquilino da solidão.

Deixou a porta abrida

A cama inda forrada

Na mesa, queijo e coalhada

Nem disse adeus, tô de ida

Até a flor da margarida

Brotada em nosso jardim

Lacrimejou para mim

Por minha dor tão doída.

Dum graveto o rouxinó

Que cantava toda manhã

Percebendo o meu afã

Ficou com um nó no gogó

E hoje eu vivo só

Sendo a melancolia vizinha

E essa minha vidinha

Está de mal a pior.

Até já perdi o freio

Da boleia da minha vida

E capotei na decida

Da paixão do meu devaneio

Meu coração está cheio

De um tum-tum todo torto

Com ela vivi meio morto

Sem ela tô morto e meio.

Jurandir Silva
Enviado por Jurandir Silva em 28/06/2012
Reeditado em 29/06/2012
Código do texto: T3749403
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.