Não existe um só calmante pra barrar minha cafeína

Tanto tempo sem dormir

A insônia me pegou

Cada olho meu cansou

E insiste em não cair

Nada posso mais sentir

Foi-me embora a endorfina

Pois uma porção ferina

De café bem escaldante

Fez com que o meu calmante

Se rendesse a cafeína

Não conheço um alcaloide

Mais potente do que esse

E não é meu interesse

Vir contar um factoide

Mas virei um debiloide

Tipo um cara lá da China

Viro a noite à surdina

Com olhar bem flamejante

E não tem um só calmante

Pra barrar minha cafeína

Eu me vejo aqui de molho

Estudando sem parar

E quando vou me deitar

Não prego sequer um olho

Um calmante, então escolho

No meio da parafina

Uma dose de Morfina

Eu tomo naquele instante

Mas não tem um só calmante

Pra barrar minha cafeína

Passo a noite, então, aceso

Na minha dissertação

Mesmo sem concentração

Sem pensamento coeso

Eu já tô ficando obeso

Faltando luz na retina

E entregue a essa sina

Dependo do estimulante

Mas não tem um só calmante

Pra barrar minha cafeína

Vou pras redes sociais

Pra tentar me distrair

Penso então que vou dormir

E não consigo jamais

As energias mentais

Afrontando a disciplina

Quer seguir uma rotina

Que pra mim é degradante

E não tem um só calmante

Pra barrar minha cafeína

A aurora vem chegando

Eu aqui feito um zumbi

Sem fazer o que incumbi

Passei a noite velando

Quero ver é até quando

Vou seguir essa doutrina

Apaguei minha lamparina

Me deitei bem ofegante

E não teve um só calmante

Pra barrar minha cafeína

E jogado assim ao léu

Vou findando minha noite

Pra amenizar esse açoite

Vou orando igual um réu:

Óh meu grande pai do céu

Desce pra minha campina

Com sua força divina

Abençoa esse estudante

Pois só tem o teu calmante

Pra barrar minha cafeína

Jozias Umbelino
Enviado por Jozias Umbelino em 28/06/2012
Reeditado em 30/05/2014
Código do texto: T3748844
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