Não existe um só calmante pra barrar minha cafeína
Tanto tempo sem dormir
A insônia me pegou
Cada olho meu cansou
E insiste em não cair
Nada posso mais sentir
Foi-me embora a endorfina
Pois uma porção ferina
De café bem escaldante
Fez com que o meu calmante
Se rendesse a cafeína
Não conheço um alcaloide
Mais potente do que esse
E não é meu interesse
Vir contar um factoide
Mas virei um debiloide
Tipo um cara lá da China
Viro a noite à surdina
Com olhar bem flamejante
E não tem um só calmante
Pra barrar minha cafeína
Eu me vejo aqui de molho
Estudando sem parar
E quando vou me deitar
Não prego sequer um olho
Um calmante, então escolho
No meio da parafina
Uma dose de Morfina
Eu tomo naquele instante
Mas não tem um só calmante
Pra barrar minha cafeína
Passo a noite, então, aceso
Na minha dissertação
Mesmo sem concentração
Sem pensamento coeso
Eu já tô ficando obeso
Faltando luz na retina
E entregue a essa sina
Dependo do estimulante
Mas não tem um só calmante
Pra barrar minha cafeína
Vou pras redes sociais
Pra tentar me distrair
Penso então que vou dormir
E não consigo jamais
As energias mentais
Afrontando a disciplina
Quer seguir uma rotina
Que pra mim é degradante
E não tem um só calmante
Pra barrar minha cafeína
A aurora vem chegando
Eu aqui feito um zumbi
Sem fazer o que incumbi
Passei a noite velando
Quero ver é até quando
Vou seguir essa doutrina
Apaguei minha lamparina
Me deitei bem ofegante
E não teve um só calmante
Pra barrar minha cafeína
E jogado assim ao léu
Vou findando minha noite
Pra amenizar esse açoite
Vou orando igual um réu:
Óh meu grande pai do céu
Desce pra minha campina
Com sua força divina
Abençoa esse estudante
Pois só tem o teu calmante
Pra barrar minha cafeína