SÃO JOÃO EM TAMBABA

SÃO JOÃO EM TAMBABA

Eu vou brincar o São João

Com Madame Preciosa

Lá na praia de Tambaba

Com muita moça formosa

E madame toda nua

Mas de forma decorosa.

Porque naquela mimosa

E maravilhosa praia

O homem não usa roupa

A mulher não veste saia

Até o garçom do bar

Desfila nu na gandaia.

Mas ninguém leva uma vaia

Tudo com muito respeito

O cavalheiro passeia

Com os ovos daquele jeito

Não causa nenhum espanto

Ninguém repara direito.

Madame sem preconceito

Desfila sua mangaba

Rebocando sua bunda

Que nenhum mosquito acaba

Tudo é muito natural

Lá na praia de Tambaba.

Abanando com a aba

Do meu chapéu de palhinha

Boto fogo na fogueira

E preparo a camarinha

Que a festa vai ser boa

Sem ninguém perder a linha.

Preciosa que é galinha

Mas mulher muito educada

Já disse: “dançando xote

Vou até de madrugada

Porém sem esfregação

Pra não ficar ‘animada’”.

E se notar a parada

De um cavalheiro “armado”

Eu chamo logo o fiscal

Faço um escarcéu danado

Meto-lhe o dedo no aro

Pra deixar de ser safado.

Depois de ser autuado

O cabra leva um sermão

Que não é casa de puta

Pra ter esculhambação

Nem baile de cangaceiro

Onde se troca de mão.

No baile de Lampião

Dançou todo mundo nu

Metendo um dedo na boca

E outro dedo no cu

E depois trocar de dedo!

Fala sério: dá pra tu?

Aqui não tem buruçu

É tudo na bacanagem

Mulher de sociedade

E homem da granfinagem

Mundiça fica de fora

Pra não haver fuleiragem.

Como não tenho coragem

Não vou entrar no “trenzinho”

Porque quem tem cu tem medo

Já disse o velho Sonsinho

Quem confia em rola livre

Finda perdendo o caminho.

Preciosa com carinho

Vai mexer sua canjica

Abocanhar a pamonha

Em ação muito pudica

Como se fosse uma freira

Que nunca viu uma pica.

Acho que nem Freud explica

Nosso medo da nudez

Esse tal de naturismo

Acaba com a estupidez

De se achar que a roupa

Dá vergonha e honradez.

Fiquemos nus de uma vez

Com as “vergonhas” de fora

E vamos dançar forró

Até raiar a aurora

Mas com respeito excessivo

Que cabra nu não namora.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 18/06/2012
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