* O velho mestre *
- Sou educador!
Disse um jovem professor.
A um velho que perambulava
Nas ruas, um pobre senhor.
Como quem alguma coisa procurava
Algo que nunca encontrava
Pois ninguém lhe dava valor.
- Conhece todos os teus alunos?
Perguntou o velho ao rapaz.
- Não. A Escola é grande
E cada sala tem aluno demais.
São mais ou menos uns quarenta,
Não sei como a gente aguenta.
Pois acaba nosso juízo, sossego e paz.
- Insistiu o velho: - Direciona teus alunos
Para que escolham seu próprio caminho?
Ou á única vertente dominante?
O professor respondeu com carinho.
- Conduzo-os a uma verdadeira felicidade,
Apontando sempre o caminho da verdade.
Para que os escolham com jeitinho.
- Replicou o velho: - Não tem Escola tampouco alunos.
Tu serves apenas para justificar a ação do Estado
Que é dar educação para todos
Sem se preocupara com o resultado.
Não podes ser educador, se só lhes faz conhecer
Não dar o direito de escolher.
Sobre o que é bom ou mal confirmado.
Nem sempre a tua verdade, será a verdade deles.
Cada um deve seguir seu próprio caminho.
Construir sua estrada e despontar as curvas da vida
Seguindo o seu destino.
Caso o contrário, não terão o direito de escolher.
E serão escravos do poder,
Sem opção, sem escolha, um cretino.
Serão cegos de suas próprias vidas...
Trilharão caminhos predestinados,
Caminhando com os olhos dos outros,
Serão eternamente paus mandados.
Perplexo perguntou o professor.
- Mas diga-me quem é o senhor?
- Sou você no futuro, um pobre coitado...
Abandonado e sem rumo como tanto outros...
Sabe, sempre ensinei as verdades do Estado.
Com o tempo, tornei-as minhas verdades.
Não enxergando outros horizontes, acomodado.
Hoje, vivo procurando o caminho que tanto apontei.
E só encontro outros “Eus” e não sei.
Se eu estava ou se ainda estou errado.