Eu também fico triste
Inspirado no texto É triste... do poeta Damião Metamorfose, T3698376
Eu também me entristeço
Admirável poeta
Ao ver um avô e a neta
Fazer da rua endereço
Pra que pagar este preço
De viver sem moradia
Ardendo ao calor do dia
Tremendo no frio da noite
Sofrendo da vida açoite
Seguidos pela covardia
Poeta, eu sendo um mágico
Salvava toda essa gente
Que morre assim de repente
Do jeito mais trágico
Ceifadas pelo tráfico
Sem direito a ultima prece
Isso também entristece
Mais um que vira noticia
Nas paginas da policia
Aqui no Rio acontece
Causa muita tristeza
Crianças pelo lixão
Separando papelão
Pra por janta na mesa
São os filhos da pobreza
Maioria analfabeta
Vivendo na mais completa
Situação miserável
Também é lamentável
Meu caríssimo poeta
Ver um pai desesperado
Com a fome da família
Poeta, juro, eu não queria
Ter isso presenciado
Fiquei muito desolado
Ao ver aquele sujeito
Ignorar o seu respeito
Pra encher a geladeira
Foi catar restos na feira
Pra depois chorar no leito
Entristeço um bocado
Quando entra o mês de Janeiro
Desce todo o aguaceiro
Que o céu deixa guardado
O chão fica alagado
O leito do rio transborda
Haja barco, haja corda
Pra fazer o salvamento
Quem sofreu este momento
Até hoje se recorda
Meu peito despedaça
Quando vejo alguns idosos
Rasgados, mal- cheirosos
Dormindo pela praça
Poeta veja só que desgraça
Acompanha esta gente
Vivem sem nenhum parente
Ao bem da própria sorte
Aguardando só a morte
E o caixão de indigente
Triste é ver o inocente
Ser taxado de detento
Aguardando julgamento
De um Juiz incompetente
Comprado, certamente
Do sistema corrompido
Que favorece o bandido
E pune o trabalhador
Beneficia o mal- feitor
Que será absolvido
Triste quando uma menina
Está sendo aliciada
Oferecida na estrada
Por uma cafetina
Minha mente abomina
Esta cruel atitude
Que destrói a juventude
Através do erotismo
Jogando pelo abismo
Dos pequenos a virtude
Triste é nosso hospital
Não fazer atendimento
Não ter o medicamento
Seja em plano Estadual
Município, Federal
O sistema é precário
Dependendo do horário
Não encontra nenhum leito
Sendo assim não tem jeito
Mais um pro obituário
O peito já não agüenta
Esse mundo de tristeza
Tanto mal, tanta pobreza
A força da tormenta
Nosso país arrebenta
Caro poeta, meu amigo
É por isso que lhe digo
Somente a fé no Criador
Que nos livrará da dor
E das garras do inimigo
P S ASSIS