O causo do Saci
No sítio São Joaquim
Em terras de um professor
Aconteceu forte trapaça
De um saci bem gozador
Do sítio pouco se tinha
Pomar, horta e galinha
O rio também ajudava
Com pesca de vara e linha
A fartura não figurava
Mas o sítio sempre se tinha
Fruta do velho pomar
Ovo, pintinho e galinha
De todas as botadeiras
A preta velha galinha
Dos dez ovos galados
Nove sempre nascia
A preta velha galinha
Fazia ninho decente
Cuidava da sua ninhada
Como mãe de filho recente
A preta velha galinha
Arrumou com todo cuidado
O novo ninho escolhido
Pra bota de ovo galado
Os dias foram passando
Na mais perfeita união
A preta velha galinha
Conhecia bem a lição
Num sábado forte chuvoso
Num dia de recolhimento
O tranqüilo professor
Escutou forte lamento
A preta velha galinha
Pulava feito cabrito
Na busca incessante do ninho
Que tinha desaparecido
De pronto a busca começa
De nada adianta a procura
- Não sei se é uma peça
- Não sei se é loucura
Do ninho nada se tinha
Nem ovo nem casca nem pata
De bicho matreiro e faminto
Que caça com forte trapaça
Os dias foram passando
A galinha desconsolada
O professor perguntava
- E o ninho da preta, coitada.
Foi num tropico de pé
Semanas depois do ocorrido
Na limpeza do sopé
O professor aturdido:
- E olhe veja, galinha
- O ninho antes perdido
- Um bom punhado de terra
- Cobria os ovo sumido
Depois de tanto pensar
Em vias de confusão
Quem cobrira de terra
O ninho dos ovo fujão?
Conclua meus companheiros
No sítio do Ribeirão
A forte resposta ressoa:
Foi saci matreiro e cagão!