O jogo estava bonito,
e o goleiro Expedito
era o centro da atenção.
Não pulava, voava,
e a bola sempre parava
nas suas possantes mãos.
O jogo estava empatado.
E o povo entusiasmado
aplaudia o bom goleiro.
Que nas alturas era rei,
e no chão, também, direi:
era rápido, bem ligeiro.
E veio o segundo tempo.
E também um contratempo:
o sol atrapalhava-lhe a visão.
Mas, Expedito, esperto,
arranja um boné que decerto
lhe daria proteção.
E o jogo corria acirrado.
Continuava empatado,
parecia sem decisão.
Mas assim, bem de repente,
O Bandeira, simplemente,
levanta bem alto a mão.
O juiz apitou rigoroso.
É pênalti bem duvidoso,
não adianta augumentar.
A bola na marca certa.
Torcida de boca aberta,
olha só quem vem cobrar.
É Esquerdinha, Pé-de-Bomba
que com um chute arromba
qualquer rede sem piedade.
E a torcida preocupada,
não via nessa jogada
motivo de tranquilidade.
Mas, Expedito, entretanto
não se preocupava tanto
estava a sorrir, até.
Esfregou as mãos, confiante
( deixando o cobrador hesitante
tirou da cabeça o boné
e o jogou para trás. E então
Esquerdinha tomou posição
esperando do juiz o apito.
E assim que se viu ordenado
meteu na bola um petardo.
Mas o agarrou, Expedito.
Ah, que festa, que glória,
defesa que fica na história
torcida a comemorar.
Expedito, radiante,
olhou a torcida um instante,
e foi o boné buscar.
Olha só que confusão,
o juiz por decisão,
deu o gol. Estava certo.
O boné quando atirado,
dentro do gol foi jogado,
o juiz estava correto.
A torcida endurecida,
aliás, fula da vida
invade o campo, com razão.
E corre pro Expedito,
que não vendo nada bonito,
some no mundo, de calção.